Folha de S. Paulo


Fiba alega falta de estrutura e controle e suspende basquete brasileiro

A Fiba (Federação Internacional de Basquete) anunciou na tarde desta segunda-feira (14) a suspensão da CBB (Confederação Brasileira de Basquete). O Comitê Executivo da entidade afirmou que a confederação do Brasil precisa de reestruturação e que ela não cumpre suas obrigações.

A Federação atribuiu a suspensão a problemas em seguir o estatuto internacional na organização da CBB. Entre eles, a não participação em competições internacionais de juniores e o cancelamento de campeonatos da categoria em nível nacional.

A Fiba cita também como motivos a não participação da CBB nos campeonatos 3 x 3 de sêniors, e o fato da confederação não ter organizado um evento do tour mundial da modalidade no Rio.

"Eles não têm controle total do basquete no país", diz a Fiba, em nota que cita também a intervenção de terceiros na escolha e no custeio de atividades da seleção nacional.

Além disso, a CBB vem adiando pagamentos para a federação internacional, de acordo com a Fiba. "A situação financeira da CBB não permite a ela que banque suas operações", afirma a entidade.

Fiba suspende CBB
Federação alega que confederação de basquete não cumpre suas obrigações
Flamengo e Bauru disputam terceiro jogo das finais da NBB em 2016

Outro motivo apontado é que a confederação brasileira não apresentou um plano de reestruturação a ser aplicado até as próximas eleições para presidente da entidade, em março de 2017.

"O Comitê Executivo expressa seu pesar com a situação do basquete no Brasil poucos meses após os jogos olímpicos", diz a nota.

A Fiba pretende entrar em contato com a CBB ainda neste mês para para estipular planos concretos para a reforma do basquete nacional. A situação deverá ser reavaliada em 27 de janeiro do próximo ano.

Em nota, a confederação brasileira se disse "surpresa" com a punição imposta pela federação. "No início do mês de novembro, a Fiba enviou ao Brasil o dirigente José Luis Saez que, durante reunião na CBB e demais encontros, em momento algum abordou a possibilidade de suspensão da entidade brasileira".

A CBB informou também que procurará os "meios formais e legais para preservar o basquetebol brasileiro". Na quarta (16) a confederação deve comentar todos os problemas apontados pela Fiba.

À Folha, a medalhista olímpica Hortência criticou a confederação. "A situação está horrível", afirmou.

A próxima competição que envolveria o Brasil no calendário da Fiba é o sul-americano masculino da modalidade, em junho do próximo ano.

Atualmente, o Mogi das Cruzes Basquete disputa as finais da Liga Sul-americana de Clubes, outro torneio ligado diretamente à Fiba. O primeiro jogo está marcado para o dia 23. O clube informou que ainda não foi notificado, mas que está checando como ficará a situação.

DÍVIDAS

A Folha revelou que a CBB é a confederação desportiva mais endividada do esporte olímpico nacional. Se quisesse quitá-lo, ela precisaria usar 71% de sua receita em 2015. Seus maiores credores são, hoje, bancos (Itaú e Bradesco, que, por sinal, a patrocina) e uma financeira. Do total da dívida, R$ 4 milhões dizem respeito a empréstimos e R$ 5 milhões, a antecipação de cotas de patrocínio e TV.

Desde que o atual presidente, Carlos Nunes, assumiu seu comando, em 2009, as dívidas da confederação saltaram de R$ 1,1 milhão (em valores corrigidos pelo IPCA-IBGE, base 2015) para R$ 17,2 milhões, de acordo com o balanço de 2015.

A situação falimentar da entidade tem prejudicado diretamente as seleções nacionais de várias categorias. As duas equipes adultas tiveram a presença nos Jogos do Rio posta em xeque depois que a CBB não honrou pagamento à Fiba (federação internacional) por um convite para o Mundial masculino da Espanha, em 2014 –a vaga não fora obtida na quadra.

Em 2015, a federação deu um ultimato à entidade brasileira, que foi socorrida pelo Bradesco e pela Nike, também sua patrocinadora, que bancaram cerca de R$ 2 milhões para garantir a presença dos times na Rio-2016.


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