Folha de S. Paulo


Britânicos e alemães vencem oito temporadas e dominam década na F-1

Joel Silva - 25.nov.2012/Folhapress
Vettel comemora título mundial da categoria em 2012
Vettel comemora título mundial da categoria em 2012

A batalha particular entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg é a parte mais transparente de uma disputa que perdura há quase dez anos na F-1 e envolve duas potências: Reino Unido e a Alemanha.

Quem levar o título da temporada de 2016 desempata o placar de uma rivalidade que hoje domina a categoria.

Desde que o finlandês Kimi Raikkonen conquistou o Mundial em 2007, pela Ferrari, nunca mais o troféu de melhor piloto do ano deixou mãos que não fossem britânicas ou alemãs.

Nas oito edições entre 2008 e 2015, foram quatro taças para cada país: Hamilton (2008, 2014 e 2015) e Button (2009) triunfaram pelo Reino Unido, enquanto a Alemanha viu em Sebastian Vettel seu único, porém dominante, vencedor (2010, 2011, 2012, 2013).

Uma volta 360° na pista de Interlagos

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Um eventual título de Rosberg, que chega a Interlagos com 19 pontos de vantagem sobre Hamilton, novamente levará ao topo seu país, que neste século tem sido soberano nas pistas da F-1, com nove taças em 17 disputadas.

Além do tetracampeonato de Vettel, a Alemanha viu, entre 2000 e 2004, Michael Schumacher enfileirar cinco troféus consecutivos e estabelecer-se como único heptacampeão da história.
Rosberg venceu a prova em São Paulo nos dois últimos anos– Hamilton nunca ganhou o GP Brasil.

"Tenho grandes memórias daquelas duas vitórias, que foram muito especiais. Mas, ao mesmo tempo, agora tudo começa do zero. Elas não vão me ajudar a vencer neste domingo", afirmou o alemão.

Nesta temporada, seu país é o que mais tem pilotos. São quatro: Vettel, Nico Hulkenberg e Pascal Wehrlein.

O Reino Unido tem Hamilton, Button e Jolyon Palmer.

Os alemães tinham pouca representatividade até a chegada de Schumacher ao primeiro troféu, em 1994.

Schumacher é parte de uma geração de ouro forjada na equipe de endurance da Mercedes, categoria na qual os alemães se sobressaíram, no final dos anos 1980.

Veja especial F-1

Seus recordes e façanhas desencadearam uma frenesi pela F-1 que cultivou uma geração dos pilotos que agora compete na categoria.

Além disso, a força das montadoras também impulsionou os pilotos do país.

A Mercedes, pela qual correm Rosberg e Hamilton, mantém uma presença contínua na F-1 desde 1994, e se relançou com equipe própria em 2010. Outras marcas, como Porsche e Audi, têm programas em outras modalidades do automobilismo.

As categorias nacionais de base alemãs também são fortes, destronando o Reino Unido como a grande escola de pilotos. O filho de Schumacher, Mick, correu nesta temporada na F-4 Alemã e foi vice-campeão.

A Alemanha também se tornou ponto de parada obrigatório nas disputas de novos talentos. Na F-3 Europeia, um dos celeiros da F-1, três das dez etapas desta temporada ocorreram dentro de suas fronteiras.

O Reino Unido é o inverso. Concentra as sedes da maioria das equipes da principal categoria do automobilismo. Das 11 escuderias que disputam a temporada de 2016, sete estão baseadas em cidades da Inglaterra.

Os britânicos somam 16 títulos, mas já viveram períodos de agrura. Ficaram, por exemplo, na seca entre 1996 (Damon Hill na Williams) e 2008, quando Hamilton levou o título pela McLaren.

Outro trunfo britânico é a atração que exerce pelos inúmeros autódromos competitivos que possui, como Silverstone, Brands Hatch, Thruxton e Donington Park, que invariavelmente são palco de competições de jovens.

Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello e Nelson Piquet, por exemplo, foram brasileiros que adotaram o Reino Unido como casa no início da carreira para evoluírem e ganharem espaço para chegarem à F-1.

F-1 VIRA ALEMANHA X REINO UNIDO - Títulos mundiais por país

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