Folha de S. Paulo


Cresci com Rosberg, mas a F-1 não é lugar para amigos, diz Hamilton

Chega um momento na vida de um esportista que o marketing pessoal se torna tão importante quanto a conquista de títulos mundiais. Para o piloto britânico Lewis Hamilton, 31, a lógica do "showbiz" parece reger tudo o que fala e faz, em frente ou por trás das câmeras.

Tricampeão mundial, o inglês tem controle sobre para quem está falando. "É para jornal? Por que não me disseram isso?", pergunta antes da entrevista para a Folha. Ele se incomoda com imagens fechadas demais. "Só daqui para cima? E o fundo [com logos de patrocinadores], não mostra?", diz, ao lado de dois assessores pessoais.

A entrevista ocorreu antes de um evento que toda celebridade um dia fará: uma "ação social" da Puma, sua patrocinadora. Uma tela dos grafiteiros Los Kueios e do artista Liam Bononi foi assinada pela piloto e doada para uma instituição de caridade.

No domingo (13), o inglês estará em ação no ofício que o transformou em celebridade. Ele pilotará sua Mercedes em Interlagos na tentativa de recuperar a vantagem de Nico Rosberg, de 19 pontos.

Veja a entrevista

Folha - Além de chegar mais perto do título, o que representa para você uma vitória no GP Brasil?

Lewis Hamilton - Tem sido um desejo por muito tempo. Algo que nunca tive e, ao mesmo tempo, estar aqui me lembra [o piloto brasileiro] Ayrton Senna, um cara que eu olhava correr desde os meus cinco anos. Gostaria de ser respeitado assim como ele foi, fazer coisas similares às que ele fez. É mais uma imagem simbólica na minha vida, é difícil analisar. Acho que sou tão acirrado como ele foi, Senna nunca teve medo de ir em frente, entende? Tento ir tão longe quando ele.

Você gosta do Brasil, tem até um Cristo Redentor no capacete. Por quê?
Eu realmente amo a estátua desde que conheci o Rio, daí achei esse adesivo, que parece mostrá-lo rindo. E também Deus é uma grande parte da minha vida.

Acredita que domingo terá uma corrida de sorte?
Sim, às vezes você precisa de sorte. Mas não acredito muito nisso de boa sorte ou má sorte. Se você está num dia ruim, o resultado não vai ser por má sorte. Nunca desejo boa sorte para ninguém. Mas é um circuito complicado, às vezes está muito quente, de repente está muito frio. É uma disputa imprevisível. Diria que esse GP é imprevisível. As dificuldades são as mesmas para todos. Se chover, por exemplo, eu sou bom em chuva.

A pista de Interlagos é difícil para você?
Não é fácil, o circuito é pequeno, há muitas curvas curtas, como em Mônaco, e aqui a altitude é alta. Por outro lado, gosto que seja um circuito verdadeiro, diferente dos novos, onde tudo é muito calculado, onde há divisões e barreiras bem definidas entre você e o público.

É um público mais caloroso o brasileiro?
Sim, sem dúvida. Você vê a paixão que eles têm pelo esporte e, além disso, não conheço um povo que ama tanto o próprio país como os brasileiros amam.

Nico Rosberg [companheiro de equipe e favorito ao título] já disse que sua relação com ele é neutra. Como a define hoje?
Nico é um amigo de colégio, nós éramos crianças quando começamos a correr juntos, não havia a pressão [do campeonato] e tudo era um "hobby". Agora é nosso "business", e não é fácil ser amigo nesse esporte. Nós estamos bem, crescemos muito como homens.

Se tivesse de escolher um piloto, além de você, que gostaria de ver ganhar no domingo, qual seria?
Não gostaria de escolher um corredor agora, não poderia. Bem, mas sou muito fã do Kimi [Raikkonen, piloto finlandês da Ferrari].

RAIO-X
LEWIS HAMILTON

Nascimento: 7 de jananeiro de 1985 (31 anos), em Stevenage, Inglaterra

Ano de estreia na F-1: 2007

Equipes: McLaren (2007 a 2012) e Mercedes (desde 2013)

Títulos na F-1: 3 (2008, 2014 e 2015)

Corridas: 186

Vitórias: 51

Pole positions: 59

Pódios: 102

Voltas mais rápidas: 31

Veja especial F-1


Endereço da página:

Links no texto: