Folha de S. Paulo


Goleiro do Flamengo e da seleção, Muralha fez fama no interior paulista

Juan Barreto/AFP
Brazil's football team goalkeeper Alex Muralha clears a ball during a training session at the Metropolitano stadium in Merida on October 10, 2016, on the eve of their FIFA World Cup Russia 2016 South American qualifier match against Venezuela. / AFP PHOTO / JUAN BARRETO
Alex Muralha durante treino da seleção para partida contra a Venezuela pelas Eliminatórias da Copa

"Nosso time de rua não tinha goleiro e como era o mais alto fui o escolhido". Foi assim meio por acaso que Alex Santana, o agora Alex Muralha, 26, fez suas primeiras defesas até chegar ao Flamengo e à seleção brasileira.

Nascido na mineira Três Corações —mesma cidade de Pelé—, o goleiro jogou pela primeira vez na posição aos dez anos. A experiência foi desastrosa em termos de resultado, mas positiva na questão da qualidade.

"No primeiro campeonato, perdemos de seis, de sete. Mas fui bem e comecei a treinar em uma escolinha que tinha treinos para os goleiros. O que era uma brincadeira virou realidade e me firmei na posição", contou em entrevista à Folha.

A cada treino, Alex mostrava evolução e passou a realizar peneiras. Reprovado em mais de dez, viajou com o time de sua cidade, o Atlético, atualmente Tricordiano, clube da primeira divisão mineira, para um campeonato no interior do Paraná. Após se destacar no torneio, foi contratado pelo Águia, equipe de empresários. Aos 16 anos, chegou ao Paraná Clube.

"Minha família é muito humilde, simples. Grande parte morava na roça e hoje quase todos moram na mesma rua em Três Corações. Meu pai sempre me apoiou no futebol, enquanto minha mãe tinha medo e não queria", disse.

Alex se profissionalizou no Paraná Clube, mas não teve oportunidades. Depois vestiu a camisa do Olé Brasil e Votoraty, times hoje extintos do futebol paulista. "Jogar a Bezinha [Quarta Divisão] era complicado. Viagens longas e sempre de ônibus. Foi uma fase que aprendi muito, cresci e me desenvolvi bastante".

Do Votoraty, Alex se transferiu para o Comercial e foi um dos responsáveis por levar o clube de Ribeirão Preto à elite do futebol paulista após 25 anos. E foi lá que o goleiro ganhou o apelido.

"Demos o apelido em 2012 após o Alex defender um pênalti em um Come-Fogo [clássico local entre Comercial e Botafogo]. Voltamos à Série A1 do Paulista após 25 anos e logo no primeiro clássico ele defendeu um pênalti quando o jogo estava empatado e, na sequência, fizemos o gol da vitória", contou Giovano de Jesus, 39, presidente da torcida organizada Batalhão Alvinegro, do Comercial.

Ele foi um dos responsáveis por confeccionar uma bandeira que tem a caricatura do goleiro e a frase "Alex, a muralha". "O Alex teve atuações espetaculares com a nossa camisa em 2011, 2012 e 2013. A bandeira foi criada na última rodada da Série A2 de 2013, quando conquistamos o acesso novamente".

Batalhao alvinegro/Facebook
Goleiro do Flamengo, Alex Muralha tem bandeira personalizada pela torcida do Comercial-SP
Goleiro do Flamengo, Alex Muralha tem bandeira personalizada pela torcida do Comercial-SP

"Gosto muito desse apelido. É um apelido forte para o goleiro, mas me trouxe sorte", afirmou Alex, que também demonstrou superstição ao escolher a camisa 38 ao chegar no Flamengo.

"É o número da sorte, me deu sorte em todos os clubes por onde passei. É coisa de maluco [risos]. Todo louco tem as suas maluquices", revelou ao ser apresentado no clube rubro-negro em janeiro.

Antes de chegar ao Flamengo, o goleiro atuou pelo Cuiabá na Série C do Brasileiro, se aventurou no futebol japonês com a camisa do Shonan Bellmare, passou pelo Mirassol e, na sequência, acertou com o Figueirense, quando jogou pela primeira vez a elite do futebol brasileiro.

No início de sua passagem pelo clube carioca, Muralha foi reserva durante o Estadual do Rio e na Primeira Liga. Ele ganhou a condição de titular após Paulo Victor se lesionar antes da quarta rodada do Brasileiro. Desde então, assumiu a titularidade e virou peça-chave na campanha da equipe no nacional.

"Você vê essa trajetória e agora estou no Flamengo e fui convocado para a seleção. É um momento muito especial".


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