Folha de S. Paulo


Trio de promessas do judô adota o Sul como base para ir a Tóquio-2020

Mayorova Marina/Divulgação/IJF
24/10/2015 Daniel Cargnin - Mundial Sub 21 2015 Foto: Mayorova Marina/ Divulgacao/IJF ****MATERIA JUDO**** ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Daniel Cargnin (de branco), grande aposta da CBJ, em ação em um combate do Mundial sub -21 de 2015

O destino fez com que três das principais promessas da nova geração do judô masculino -e que a CBJ quer tornar realidade o quanto antes- treinem sob o mesmo teto.

Leonardo Gonçalves, 20, Rafael Macedo, 22, e Daniel Cargnin, 18, têm obtido os melhores resultados de base do país e, coincidentemente, partilham as rotinas na Sogipa (Sociedade de Ginástica Porto Alegre), na capital gaúcha.

O clube é um dos mais tradicionais do país e moldou os medalhistas olímpicos Mayra Aguiar e Felipe Kitadai e o bicampeão mundial João Derly.

Foi com essa crença que Gonçalves, da categoria meio-pesado (até 100 kg), trocou sua cidade natal, Iguape, no interior paulista, pelo Rio Grande do Sul. "Minha vida se resume ao judô", disse o atleta, vice-campeão mundial sub-21 no ano passado e que nos tatames é chamado de... Iguape.

"Só minha mãe me chama de Leonardo, e quando é para dar bronca", brincou, sem esconder a saudade de casa.

Neste ano, contou, só viu os pais uma vez, porque viajou para competir e realizar treinos no Japão, na Alemanha, na República Tcheca e na Áustria. "Eu tenho um motivo para estar aqui em Porto Alegre, longe deles. Não estou a passeio. Quero ir para Tóquio em 2020."

Não passa outra coisa pela cabeça do paulista Macedo. Ainda mais após ter quebrado em 2014, no Mundial sub-21 de Fort Lauderdale (EUA), um incômodo jejum. Com o ouro na categoria meio-médio (até 81 kg), ele foi o primeiro judoca júnior masculino do país a subir ao topo do pódio em 12 anos.

"Aquilo me fez ver que tenho chance de ir a uma Olimpíada e buscar medalha, que pode vir em Tóquio", disse o atleta, nascido em São José dos Campos. "Mas, para isso, meu início de ciclo olímpico tem de ser consistente."

No Aberto de Tallin, na Estônia, em setembro, ele deu uma prova de que vai atrás do objetivo.

Foi medalhista de prata no torneio, que tinha judocas adultos. "Não posso relaxar, nem me acomodar com o título mundial que tive. A minha categoria é muito forte, mas estou confiante de que a vaga [olímpica] pode ser minha."

DISPUTA DURA

A disputa na faixa até 81 kg é árdua. Victor Penalber, que representou o Brasil nos Jogos do Rio, de onde saiu sem medalha, foi bronze no Mundial adulto de 2015, em Astana.

Macedo, porém, se apoia no histórico positivo que acompanha judocas homens que foram ouro em Mundiais de base. Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e João Derly conquistaram o título e depois tiveram carreiras com pódios em Jogos Olímpicos ou em Mundiais.

Foi justamente o ex-técnico de Derly, Antonio Carlos Pereira, o Kiko, quem levou o paulista para o tatame da Sogipa.

"Vir treinar com ele foi o melhor que fiz", disse Macedo.

Cargnin é o mais jovem entre os destaques da nova safra, mas desponta com maior potencial. Quem diz isso não são técnicos ou seus pares, mas a CBJ, pelos investimentos que faz no rapaz.

Ele já recebe recursos diretos da confederação para rodar o mundo para lutar na categoria meio-leve (até 66 kg).

Foi bronze no Mundial sub-21 de 2015 e venceu o Aberto de Tallin. "Eu acredito que, a qualquer competição que for, vou brigar para ser campeão."

"O sonho principal é a Olimpíada de Tóquio, mas até lá tenho metas a cumprir: ganhar a seletiva nacional e vencer o último Mundial júnior que ainda poderei disputar, em 2017."

Com tantos planos, ele carrega no peito uma tatuagem com escritos em japonês que significam "Família". "É quem me apoia e dá conforto para eu atingir os objetivos", disse.


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