Folha de S. Paulo


Após leilão de estádio, Guarani renasce e tenta agora voltar para a Série B

Há dois anos, o Guarani vivia um cenário caótico, com oito meses de salários atrasados, renúncia de presidente, quase R$ 250 milhões em dívidas, estádio prestes a ir a leilão e a beira do rebaixamento para a Série D.

Campeão brasileiro em 1978, o clube ainda está longe das glórias do passado, mas o momento é bem diferente daquele de 2014.

Após o Brinco de Ouro da Princesa ser arrematado por uma parceira do time, em dezembro daquele ano, o Guarani renasceu. Neste sábado (8), pode dar mais um passo em sua reconstrução.

O time enfrenta o ASA de Arapiraca, às 18h30, pelo jogo de volta das quartas de final da Série C do Brasileiro, precisando de uma vitória por pelo menos 2 a 0 para voltar à segunda divisão -perdeu a primeira partida, em Alagoas, por 3 a 1.

Para dar a reviravolta, o clube contou com uma de suas mais tradicionais parceiras, a Magnum, patrocinadora do time em 1994, quando o Guarani contava com ataque formado por Luisão, Djalminha e Amoroso.

A empresa adquiriu o estádio por R$ 44,5 milhões e vai utilizar a área para construir empreendimentos como hotel, shopping, condomínio e um centro de convenções.

"O investimento foi no projeto imobiliário, mas, no decorrer do processo, vimos que o clube estava em estado terminal", diz Roberto Graziano, presidente do Grupo Magnum. "Vimos que, sem ajudá-lo, o próprio projeto imobiliário não faria sentido."

A empresa construirá em outro local uma arena de 16 mil lugares, um centro de treinamento e um clube social, além de já aportar mensalmente R$ 350 mil no clube.

"Se não fosse esse acordo, o Guarani corria sério risco de não existir mais", disse o presidente do clube, Horley Senna, 50, um dos responsáveis pelo acerto.

Senna assumiu oficialmente a presidência no final de 2014 e desde então trabalha para reduzir as dívidas.

"O Guarani conseguiu resgatar sua credibilidade e essa reestruturação está levando o time a brigar novamente pelo acesso", afirmou.

Comandando o clube com mãos de ferro, o dirigente, no entanto, já foi pivô de polêmicas na cidade.

Ele vetou emissoras de rádios de transmitirem jogos do Guarani das cabines do estádio por terem feitos "críticas infundadas", segundo o cartola. Em agosto, pediu à torcida que não consumisse produtos da Brasil Kirin, que apoia a rival Ponte Preta.

O motivo foi uma pesquisa encomendada pela empresa, que mostrou o time alvinegro com a segunda maior torcida de Campinas (20%) e o Guarani apenas em sexto (3%).

"Sou torcedor de arquibancada. Defendo o Guarani como faço com a minha família", justifica Senna.


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