Folha de S. Paulo


Brasil de Pelotas reage após acidente fatal e luta por vaga na Série A

Flávio Neves/Folhapress
RS - SÉRIE B/BRASIL DE PELOTAS X CEARÀ - ESPORTES - Comemoração do p gol de Ramon do Brasil na partida entre Brasil de Pelotas e Ceará, válida pela 29ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2016, realizada no estádio Bento Freitas, em Pelotas (RS), nesta terça (04). 04/10/2016 Foto: Flávio Neves *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Ramon, do Brasil de Pelotas, comemora gol na partida contra o Ceará

Quem vê o Brasil de Pelotas na sexta colocação da Série B com 44 pontos e a apenas três pontos do G4, pode não imaginar que há sete anos um acidente de trânsito por pouco não deu fim a um clube de 105 anos de história.

No dia 15 de janeiro de 2009, o ônibus que retornava com a delegação a Pelotas após amistoso preparatório para o Campeonato Gaúcho, contra o Santa Cruz, no município do Vale do Sol, caiu em um barranco.

O acidente deixou 26 feridos e causou a morte do preparador de goleiros Giovani Guimarães, 40, do zagueiro Régis, 28, e do ídolo Cláudio Milar, uruguaio de 34 anos.

No elenco atual, não há nenhum atleta que vivenciou o acidente. Hoje no clube, somente o diretor executivo Armando Desessards, que à época era o treinador e estava no ônibus naquela noite.

"O acidente foi um divisor de águas. Foi uma queda e uma retomada. Ele ficará como um marco na história do Brasil de Pelotas. Hoje é mais alegria do que tristeza pelo momento que vivemos", disse Armando à Folha.

O clube por pouco não deixou de disputar o Gaúcho daquele ano. A desistência, porém, aumentaria as dívidas da equipe e agravaria a crise. Ainda abalados, os jogadores não conseguiram render em campo e o time caiu para a segunda divisão do Estadual.

"O time chegou ao fundo do poço, em um estágio que fugiu do nosso controle", afirmou Desessards.

Com dívidas e problemas internos, a equipe viria a cair em 2011 para a Série D do Campeonato Brasileiro, última divisão do Nacional.

"O clube se deteriorou com rebaixamentos sucessivos e maus resultados", lembrou Desessards, que ficou longe do time por nove meses para se recuperar dos ferimentos sofridos no acidente –fraturou a coluna e o tornozelo.

"O retorno foi natural. Não fiquei com trauma. O que ficou foi a saudade dos amigos que morreram", lamentou.

Nauro Júniori/Ag. RBS/Folha Imagem
***ATENÇÃO EDITOR, FOTO EMBARGADA PARA VEÍCULOS DO RS E SC*** CANGUÇU, RS, 16.01.2009: ACIDENTE / RS - Um ônibus que levava o time gaúcho Brasil de Pelotas caiu de um barranco no Rio Grande do Sul, no retorno de um amistoso contra a equipe do Santa Cruz, na cidade de Vale do Sol. O acidente ocorreu em Canguçu (293 km de Porto Alegre), por volta das 23h30 desta quinta-feira. O acidente aconteceu no anel de acesso da RST 471 para a rodovia BR-392. No acidente morreram o atacante uruguaio Cláudio Milar, o zagueiro Régis e o treinador de goleiros Giovani Guimarães, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal). Segundo a Ecosul, concessionária que administra o sistema, o motorista do coletivo perdeu o controle de direção em uma curva, capotou sobre a pista e despencou do barranco, de aproximadamente 40 metros de altura. O ônibus ficou com as rodas para cima. Segundo a PRF, 27 pessoas ficaram feridas no acidente. Já a Ecosul informa sobre 29 feridos. As vítimas foram levadas para hospitais de Santana da Boa Vista, Canguçu e Pelotas. O goleiro Danrlei --que já foi titular do Grêmio-- teve ferimentos leves, segundo a concessionária. A polícia ainda realiza a perícia no local para verificar se há mais vítimas no acidente. (Foto: Nauro Júniori/Ag. RBS/Folha Imagem)Restrição:NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DA FOLHAPRESS. SUJEITO A PAGAMENTO DE HONORÁRIOS. ACIDENTE / RS
Acidente com ônibus que levava o time do Brasil de Pelotas, em 2009

RETOMADA

No Brasil de Pelotas que tenta voltar à Série A do Campeonato Brasileiro, salários em dia são obrigação, segundo o presidente do clube, Ricardo Fonseca. Outro mantra para o dirigente é a manutenção do trabalho do técnico.

"Acreditados num projeto, em ter uma filosofia de trabalho, que é a continuidade da comissão técnica e do grupo de jogadores", diz Fonseca.

E foi em Rogério Zimmermann que ele apostou suas fichas para se reerguer. O treinador, que começou a carreira em 2004 no próprio Brasil de Pelotas, voltou à equipe em 2012, após passagens por outros times. Em quatro anos de trabalho, chegou à elite do futebol gaúcho e à Série B do Brasileiro em 2016.

Com uma folha salarial de R$ 430 mil e o teto de R$ 12 mil, a equipe quer, no dia 26 de dezembro, esquecer 2009 e sorrir com o acesso à elite, que não vem desde 1985.


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