Há 21 anos, o zagueiro e lateral esquerdo Fábio Luiz concluía sua passagem de cinco meses pelo Parque São Jorge sem ser notado. Agora, com o nome de Fábio Carille, terá sua segunda chance no Corinthians. Com menos tempo ainda, ele tentará convencer a torcida e a diretoria de que pode se firmar como técnico do clube.
Com a demissão de Cristóvão Borges após a derrota por 2 a 0 no clássico contra o Palmeiras, no sábado (17), caiu sobre o até então auxiliar técnico a missão de dirigir a equipe alvinegra contra o Fluminense, nesta quarta-feira (21), às 21h45, na Arena Corinthians, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
Será a quinta vez que Carille ficará à beira do campo. Desta vez, com a oportunidade real de ser efetivado no cargo, pelo menos até o final da temporada.
Com Tite como inspiração, Carille espera seguir os passos de Oswaldo de Oliveira e Eduardo Amorim, ex-treinadores corintianos que iniciaram da mesma forma e levantaram troféus importantes para a história do clube. "Pode acontecer [a efetivação]. É ver o dia a dia, conseguir os resultados e crescer. A possibilidade está aí."
No sábado, o presidente Roberto de Andrade o assegurou como treinador até dezembro. Dois dias depois, o gerente de futebol do clube, o ex-lateral Alessandro, evitou dar um prazo para que Carille permaneça no cargo.
Como técnico interino, ele dirigiu o Corinthians em quatro oportunidades. Em 2010, antes da chegada de Tite, obteve um empate diante do Guarani e uma derrota para o Vasco. Neste ano, perdeu para o próprio Fluminense e venceu o Botafogo após a saída do técnico da seleção.
"O Fábio está esperando essa oportunidade faz tempo. Ele tem os pés no chão e se preparou para isso. Vem fazendo cursos, se aperfeiçoando para assumir essa função. Acredito que chegou o momento dele", disse Joaquim Pereira de Araújo, 66, pai do agora novo treinador interino do Corinthians.
Carille começou sua carreira como auxiliar técnico no Barueri, em 2007, logo após se aposentar. Fez estágios com Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes. Em 2009, foi convidado para trabalhar no Corinthians, onde ajudou a conquistar Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores, Mundial e Recopa Sul-Americana.
Interinos que Foram Substituídos
Deixou o clube por um curto período em 2011, para ser o "espião" da seleção brasileira dirigida por Mano Menezes na Copa América.
"Ele sempre foi um jogador aplicado taticamente. Sempre gostou de esquema tático, de analisar os adversários e trocava ideias com os treinadores. Ele começou a carreira como atacante, foi recuado para ser ala e, com essa visão de jogo, virou zagueiro e lateral esquerdo", disse Araújo, sobre a carreira do filho.
MENINO DO INTERIOR
Fábio Carille nasceu em 26 de setembro de 1973 em São Paulo, mas mudou-se aos 12 anos para Sertãozinho, no interior de São Paulo. Na cidade, que fica a 340 km da capital paulista, ingressou no futebol aos 19 anos no Sertãozinho.
"O Fábio sempre foi um jogador muito técnico. Ele sempre se cuidou muito, e nunca se envolveu com coisa errada. É uma pessoa muito amigável", afirmou o diretor de futebol do clube, Eduardo Bernardino Mucci.
Sua passagem durou apenas um ano –entre 1992 e 1993– e logo foi transferido para o XV de Jaú, onde permaneceu por três anos. Após subir com a equipe de Jaú para a primeira divisão do Campeonato Paulista de 1995, o jogador interessou ao Corinthians, que o contratou em agosto e o dispensou em dezembro. Ele ainda rodou por diversos times do Brasil e teve uma passagem pelo Guangzhou, da China, antes de parar de jogar em 2007.