Folha de S. Paulo


Indiciado como Del Nero, cartola equatoriano vive ostracismo e prisão

Xinhua
(151110) -- QUITO, noviembre 10, 2015 (Xinhua) -- El director técnico Gustavo Quintero (i) de la selección nacional de fútbol de Ecuador, y el presidente de la Federación Ecuatoriana de Fútbol, Luis Chiriboga (d), participan en una sesión de entrenamiento en la Casa de la Selección, en Quito, capital de Ecuador, el 10 de noviembre de 2015. Ecuador se enfrentará a Uruguay en partido de eliminatoria para la Copa Mundial Rusia 2018, a celebrarse el 12 de noviembre en el estadio Atahualpa, en Quito, Ecuador. (Xinhua/Santiago Armas) (sa) (da) (sp)
Luis Chiriboga (dir.) acompanha treino da seleção do Equador em novembro antes de jogo contra o Uruguai

Denunciado pela Justiça americana na eclosão do escândalo que ficou conhecido como "Fifagate", o ex-presidente da Federação Equatoriana de Futebol, Luis Chiriboga Acosta, 69, teve destino muito diferente do atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero. Por motivos distintos, ambos não estarão presentes na partida entre Equador e Brasil nesta quinta-feira (1º), em Quito.

Chiriboga assumiu a presidência da Federação em 1998 e ficou 18 anos no poder. Em dezembro de 2015, ao lado de Del Nero e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, foi indiciado pela Justiça dos EUA sob acusação de extorsão, lavagem de dinheiro e fraude em transferências bancárias. Chiriboga foi acusado de receber propinas para favorecer a empresa T&T na aquisição dos direitos de transmissão da Libertadores.

Diante do escândalo, foi suspenso por 90 dias pela Federação para preparar sua defesa. Ainda em dezembro, com as revelações do Fifagate, a Justiça equatoriana decretou a prisão domiciliar de Chiriboga para investigá-lo por suposta lavagem de dinheiro. Desde então, o prazo inicial de 90 dias de prisão tem sido prolongado e o ex-presidente não pode sair de sua casa no condomínio Villa Regina, em Quito, onde o apartamento mais barato está avaliado em US$ 2 milhões (R$ 6,5 milhões).

"O caso de Chiriboga é totalmente diferente dos outros. Ele não existe nos Estados Unidos: ele não tem contas lá, não fez negócios lá. Aqui no Equador também não encontraram nenhum movimento irregular em suas contas. Não há provas de lavagem de dinheiro. Poderiam ter inventado qualquer coisa, menos isso, para o acusarem", diz à Folha Juan Machuca, advogado de Chiriboga, que acredita que no final de setembro conseguirá extinguir a prisão domiciliar do cliente.

Em março deste ano, Chiriboga renunciou ao cargo de presidente da Federação. Diferentemente de Del Nero, que conseguiu construir amizades políticas firmes, como Coronel Nunes, que assumiu interinamente o cargo em fevereiro a pedido de Del Nero, o equatoriano foi abandonado por seus aliados. Atualmente, não exerce mais influência na Federação e vê seu ex-aliado Carlos Villacís no poder com a ajuda de seu ex-braço direito Alex de La Torre.

No entanto, a imprensa local fala do "chiriboguismo sem Chiriboga" como a diretriz da atual gestão, que deve durar até 2019. Mesmo com o ex-mandatário ostracizado, o "modus operandi" da Federação local continua em vigor. "Um esquema paternalista", classifica o jornalista Esteban Avila, da rádio Redonda, baseado no adiantamento de receitas de televisão para equipes à beira da falência, sem projetos estruturados de longo prazo para os clubes do país. Nos últimos dias, depois de resistência desde que assumiram o cargo, resolveram implantar o controle antidoping nas partidas dos campeonatos nacionais. A medida foi tomada após o equatoriano José Angulo, do Granada (ESP), ter recebido resultado positivo para cocaína em exame feito pela Conmebol.

Não pesam sobre Villacís, milionário exportador de camarões, acusações de irregularidades.

Em sua mansão, amigos de Chiriboga dizem que ele gosta de reunir pessoas para jogarem cartas.

"Para nenhum cidadão é agradável estar nessa situação. Todavia, ele se reencontrou com sua família. Ele viajava muito por causa da profissão e sacrificava a família. Ele reencontrou os filhos, netas e a esposa. Nesse aspecto, [a prisão domiciliar] foi benéfica para a sua família. Hoje ele faz muito exercício, baixou de peso e está confiante na Justiça", diz o advogado Machuca.

DEL NERO NÃO VIAJA PARA VER SELEÇÃO

Desde que foi indiciado em dezembro de 2015, acusado de ser beneficiário de um esquema internacional de recebimento de propina na venda de direitos de torneios, Del Nero não marca presença em jogos da seleção brasileira fora do país.

Oficialmente, o cartola afirma que delega funções à sua equipe. Em maio, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, disse em depoimento à CPI do Futebol que Del Nero não sai do Brasil porque pode ser preso pelo FBI, "mesmo sendo inocente".

"O Coronel é a pessoa que viaja", respondeu, lacônico, referindo-se a Coronel Nunes, que substituiu Del Nero quando este foi afastado no final de 2015 e que chefiou a delegação brasileira na Copa América nos Estados Unidos.

Entre dezembro e o final de julho, também foram raras as aparições de Del Nero em partidas da seleção brasileira em território nacional. No entanto, a Rio-2016 marcou a reaproximação do cartola, que foi a partidas tanto da seleção masculina como da feminina durante o evento. Ele chegou a jantar com as jogadoras da equipe feminina e a lhes dar palavras de incentivo.

Assim, Neymar e seus companheiros devem ser observados ao vivo por Del Nero em 6 de setembro, quando a seleção brasileira receberá a colombiana na Arena da Amazônia, em Manaus, pelas eliminatórias da Copa de 2018.


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