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Os motivos que devem levar o São Paulo a ter o pior ano entre os rivais

Eduardo Anizelli/Folhapress
O ex-atacante do São Paulo, Jonathan Calleri, lamenta gol perdido na semifinal da Libertadores
O ex-atacante do São Paulo, Jonathan Calleri, lamenta gol perdido na semifinal da Libertadores

A chegada à semifinal da Libertadores foi o ponto alto da temporada do São Paulo. Mais na vontade do que na técnica, o tricolor surpreendeu após um início desastroso na fase de grupos e foi mais longe do que todos seus concorrentes brasileiros.

No entanto, o quase sucesso na competição continental maquiou alguns problemas que, neste momento, levam a crer que a temporada do São Paulo será a pior entre os quatro rivais paulistas.

Veja abaixo alguns motivos que devem levar o São Paulo a um fim de ano conturbado:

REFORMULAÇÃO INTERROMPIDA

Após um ano ruim em 2015, o presidente do clube, Carlos Augusto de barros e Silva, o Leco, prometeu uma reformulação no elenco para esta temporada. Ela não foi ampla, mas aconteceu.

Em 2016, chegaram ao São Paulo, além do técnico Edgardo Bauza e sua comissão, Lugano, Maicon, Mena, Calleri e Kelvin, os últimos quatro com contratos de empréstimo, para driblar a falta de recursos que o clube enfrentava.

Ao longo da temporada, porém, o time foi desmembrado novamente. Saíram jogadores importantes, como Ganso e Calleri, além de peças que compunham o elenco, como Alan Kardec, Kieza e Centurión.

Taba Benedicto/Folhapress
Técnico Edgardo Bauza durante entrevista coletiva no CT do São Paulo, na Barra Funda zona oeste de São Paulo
Técnico Edgardo Bauza durante entrevista coletiva no CT do São Paulo, na Barra Funda

O time sofreu com a saída de Bauza, que assumiu a seleção argentina. Ricardo Gomes foi contratado para o seu lugar.

A diretoria também se mexeu para repor as peças do elenco e, mesmo sofrendo com o caixa, gastou. Investiu R$ 9 milhões no peruano Cueva, R$ 22 milhões em Maicon, trouxe os atacantes Ytalo, Gilberto e Chávez, e o lateral direito Buffarini.

Com um projeto interrompido na metade, o São Paulo se encontra em situação difícil no Campeonato Brasileiro –11º lugar– e na Copa do Brasil, após derrota por 2 a 1 para o Juventude, no Morumbi, pela partida de ida das oitavas de final.

DINHEIRO

O São Paulo fechou 2015 com um déficit de R$ 72 milhões. Para sanar isso, o clube teve que negociar os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro em TV fechada já neste ano.

O negócio foi bom e rendeu R$ 60 milhões adiantados. O montante pago pela Globo tapou um buraco da dívida do clube.

Além disso, o São Paulo demorou para fechar um patrocínio em sua camisa. Ele só veio em maio, após quase dois anos sem acordo.

Rubens Chiri/saopaulofc.net/Divulgação
O atacante Cueva, com a camisa do São Paulo patrocinada pela operadora de planos de saúde, Prevent Senior
Andrés Chávez com a camisa patrocinada pela operadora de planos de saúde, Prevent Senior

TORCIDA

Nesta temporada, durante a Libertadores, o São Paulo registrou alguns dos melhores públicos do ano no Brasil. No entanto, em diversas partidas a torcida não compareceu em peso. No Campeonato Paulista, houve até jogos em que o clube teve prejuízo, no Pacaembu.

Nesta quarta (24), contra o Juventude, o número de torcedores foi o menor do ano, no Morumbi, e com as más atuações, o caldeirão que se viu na Libertadores começa a ficar ainda mais improvável.

No Brasileiro, como mandante o time perdeu quase 50% dos pontos disputados.

POLÍTICA

Nos bastidores do São Paulo, a situação é menos tensa do que a vivida em 2015, quando o então presidente Carlos Aidar renunciou após denúncias de corrupção.

No entanto, o mandato de Leco não tem sido tranquilo. Ainda na fase de grupos da Libertadores, atrasos no salário geraram um racha no grupo.

Pouco depois, seu vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro foi expulso do Conselho Deliberativo por causa da briga que teve com o ex-presidente Aidar, quando também era vice de futebol. Leco o manteve na diretoria, mas na área de relações institucionais.

Ricardo Nogueira - 21.abr.2015/Folhapress
Aidar (esq.) acompanha treino do São Paulo ao lado de Milton Cruz e Ataíde Gil Guerreiro (dir.), em 2015
Aidar (esq.) acompanha treino do São Paulo ao lado de Milton Cruz e Ataíde Gil Guerreiro (dir.), em 2015

O substituto de Guerreiro foi Luiz Cunha, que ficou pouco mais de dois meses no comando, mas saiu por desavenças com o diretor-executivo de futebol, Gustavo Vieira de Oliveira.

Atualmente, os vice-presidente e diretor de futebol são José Alexandre Medicis e José Jacobson, mas eles têm pouco poder decisório e Oliveira segue sendo o homem forte do futebol são-paulino.

Sua relação ruim com Milton Cruz, que ficou no clube por 22 anos, foi um dos motivos para a saída do auxiliar.

Além dos problemas que influem no desempenho da equipe, outra grande questão tira o sono da cúpula são-paulina.

Uma ação de 2004 contra o São Paulo, pode criar caos no clube em breve, cassando o mandato de 133 conselheiros, entre eles o presidente do conselho, Marcelo Pupo Barboza, e o mandato de Leco na presidência.

O São Paulo tem perdido em todas as instâncias e resta uma última decisão no STF. Leco tentou uma manobra para evitar o pior, através de uma assembleia geral de sócios feita neste mês, mas a decisão final ainda está com o Supremo.


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