Folha de S. Paulo


Mais iluminada geração francesa pós-Zidane tenta superar Ronaldo na Euro

A França entra em campo neste domingo (10) para decidir a Eurocopa carregando um favoritismo absurdo.

Joga em casa, está na final depois de eliminar a überpoderosa Alemanha na semi e tem o jogador que é grande destaque do torneio, o atacante Antoine Griezmann, 25.

Prova que é a mais iluminada geração do futebol francês pós-Zidane (enquanto o planeta sempre badalou mais a geração belga), já poderia ter ido longe na Copa de 2014 no Brasil (quando caiu nas quartas para a campeã Alemanha em jogo duríssimo) e está ávida por um grande título desde que venceu o Mundial de 1998 (também em seu território, quando a "Marselhesa" vinda das arquibancadas, das ruas e da gigantesca Fan Fest aos pés da torre Eiffel é coisa muito séria).

Seu adversário desta tarde na finalíssima no Stade de France, mesmo local no qual o hoje técnico Didier Deschamps levantou a taça derradeira como capitão, é a seleção portuguesa, de quem não perde desde 1975. Nos últimos dez confrontos, dez vitórias francesas.

Mas, apesar de todo esse roteiro com o fim de história quase já escrito, a França terá que derrotar mais que um rival com campanha regular. A França vai ter que mostrar ao supercraque Cristiano Ronaldo que esta Euro não é dele. Para resumir, hoje será um jogo de uma nação contra um homem só, praticamente.

Porque Cristiano Ronaldo desde o primeiro jogo, com a então caçula e ingênua Islândia em St-Etienne, não engoliu o empate em 1 a 1 contra o menor país a se classificar para um torneio internacional dessa magnitude e reclamou da Islândia por estar sendo a Islândia.

E, um capitão com a incumbência de levar uma seleção de Portugal tosca para as finais, mesmo sem ganhar um só dos três jogos da primeira fase e ir triunfando ou na prorrogação ou em pênaltis, para ter sua primeira vitória de fato, nos 90 minutos, na semifinal, Ronaldo jogou microfone de jornalista no lago, fez gol de letra e bateu três recordes na história da Euro: igualou a marca de nove gols do francês Michel Platini, é o jogador que mais jogou em fases finais da Euro (19 partidas, antes da final deste domingo) e também o único que marcou em quatro edições diferentes do torneio europeu.

A decisão contra a França já deve ter garantido ao polêmico craque, campeão da última Liga dos Campeões pelo Real Madrid, mais um título de melhor jogador do mundo, desbancando o número 1 do ano passado, o arquirrival Lionel Messi.

Histórico - Número de vitórias de cada uma das equipes nos 24 confrontos anteriores

Aliás, com sua performance nesta Euro, Cristiano Ronaldo chegou a travar (e ganhar) uma batalha intercontinental com Messi, que malogrou com a Argentina na final da Copa América, isolando uma bola na disputa por pênaltis, anunciando depois sua aposentadoria da seleção e agora se vendo condenado a 21 meses de prisão por fraude fiscal na Espanha.

Enquanto o rival do Barcelona vive um inferno astral, o astro do Real Madrid sai da Euro fortalecido, mesmo que perca o jogo de hoje.

Cristiano Ronaldo já participou de uma final da Euro em 2004, quando Portugal favoritíssima perdeu o título em casa para a surpreendente Grécia. Foi a primeira decisão de sua carreira. Tinha 18 anos, sua fama de bad-boy só começava e tinha apenas, em nível internacional, um campeonato inglês pelo Manchester United, título alcançado em pontos corridos.

Nesta Euro do terrorismo que não houve (pelo menos até o dia de sua final), que teve até a volta do hooliganismo, em que as camisas da Itália e da Alemanha não foram tão pesadas como de costume e que oficialmente encerrou o ciclo da Espanha e apresentou os nanicos Islândia e País de Gales como times a serem respeitados, quem vencerá a grande final? A França ressurgida ou o CR7?

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: