Folha de S. Paulo


Griezmann brilha, e França dá fim a tabu histórico contra a Alemanha

A França está na final da Eurocopa que ela sedia graças à força de sua defesa e ao brilho de seu atacante mais decisivo, Antoine Griezmann, 25. Foram dele os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, nesta quinta (7), em Marselha.

No domingo (10), a França poderá ser campeã europeia no jogo contra Portugal, no Stade de France, onde conquistou a Copa de 1998.

Para Griezmann, foi uma revanche pessoal. Há dois anos, quando a França foi eliminada pela equipe alemã da Copa do Brasil, o atacante do Atlético de Madri foi o jogador que mais demonstrou tristeza com a derrota, tendo deixado o gramado do Maracanã aos prantos, consolado por companheiros.

Para o futebol francês, a vitória foi valiosa por acabar com um complexo de inferioridade diante dos alemães.

As seleções jamais tinham se enfrentado em Eurocopas, mas em Copas do Mundo foram três eliminações da França diante da Alemanha: 1982 (semifinal), 1986 (semifinal) e 2014 (quartas de final).

O primeiro tempo da partida de Marselha deixou claro o respeito que os franceses têm pelos campeões do mundo. À Alemanha coube o papel de equipe dominante, enquanto os donos da casa adotaram a estratégia de proteger bem sua defesa e apostar nos contra-ataques.

Por mais que tocassem a bola, os alemães não conseguiram criar oportunidades reais de gol, muito por mérito dos defensores franceses, sempre prontos para interromper os lances de ataque dos adversários.

Nos acréscimos da primeira etapa, ocorreu o lance que mudou o jogo. Em um cruzamento para a área alemã, Schweinsteiger colocou a mão direita na bola ao disputar a jogada com Evra.

O árbitro italiano Nicola Rizzoli marcou pênalti e Griezmann cobrou bem.

Depois do intervalo, a partida transformou-se em uma desesperada tentativa dos alemães de igualar o marcador, mas sem sucesso. A pressão foi grande, porém os atacantes da seleção campeã do mundo não estavam com a pontaria afiada.

O golpe de misericórdia foi dado quando Griezmann aproveitou um raríssimo erro do goleiro Neuer, que tentou cortar um cruzamento de Pogba e não foi capaz de segurar a bola.

SÓ ATRÁS DE PLATINI

Com os dois gols, Griezmann chegou a seis na Eurocopa e disparou na artilharia. Depois do jogador do Atlético de Madri, aparecem seis atletas com três gols -um deles é justamente o português Cristiano Ronaldo.

Mais do que isso, o atacante francês tornou-se o segundo maior artilheiro em uma edição da competição.

Ele perde apenas para Michel Platini, também francês, que anotou nove gols em 1984, quando, também jogando em casa, a seleção azul conquistou seu primeiro grande título.

Griezmann finalmente pôde superar a decepção de dois anos atrás, que ele considerou a pior de sua carreira. Mas o atacante preferiu aproveitar a ocasião para exaltar seus colegas.

"Estou muito satisfeito. Sabia que o jogo seria difícil, mas nosso time foi firme na defesa e nosso goleiro jogou muito bem", disse.

"Agora vamos descansar e pensar na final. Contra Portugal, será 50-50."

Caso derrote os portugueses, a França verá consagrada a sua nova geração de jogadores, liderada pelo próprio Griezmann e pelo meia Paul Pogba, da Juventus.

Sem um craque da estatura de Platini ou Zidane, a seleção francesa se apoia na força do conjunto, especialmente da sua defesa, e nos gols de Griezmann. Como os campeões do mundo descobriram nesta quinta, é uma fórmula muito eficiente.


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