Folha de S. Paulo


Após pedir saída de Del Nero, Tite diz que ajuda mais como técnico do Brasil

O técnico Tite foi apresentado nesta segunda-feira (20) como o novo técnico da seleção brasileira.

Em sua primeira entrevista como treinador da equipe nacional, ele foi perguntado sobre o manifesto que assinou pedindo a renúncia de Marco Polo Del Nero da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em dezembro de 2015.

O manifesto contou com o apoio de mais de cem personalidades, incluindo técnicos, atletas, ex-atletas, artistas e jornalistas. Além de Tite, os técnicos Zico, Dorival Junior e Paulo Autuori e os ex-jogadores Pelé, Rogério Ceni e Alex também assinaram o documento batizado de "Manifesto por uma nova CBF".

"A minha atividade e o convite que me foi feito foi para ser técnico da seleção brasileira de futebol. Entendo que essa atribuição é a melhor maneira que eu tenho para contribuir com o que tenho de ideia para minha vida", afirmou Tite.

"Transparência, democratização, excelência, modernidade... Isso permanece como conceito em todas as áreas. São meus princípios. Esta é a forma que eu penso e trago para o futebol. O meu legado pode falar a respeito", afirmou o treinador.

O movimento foi organizado por jogadores que integram o Bom Senso FC, como Paulo André, e a ONG Atletas, que tem a ex-jogadora de vôlei Ana Moser e o ex-são-paulino Raí como diretores.

"Respeito as posições contrárias, mas já coloquei que me foi dada uma atribuição com a seleção e é a melhor maneira de contribuir", afirmou Tite quando perguntado pela segunda vez sobre o assunto.

NOVA CARA

O treinador disse que vai construir a nova seleção com base nas características dos jogadores convocados.

O seu primeiro jogo no comando da equipe acontece em agosto, contra o Equador, fora de casa, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

"[A seleção] não tem que ter a cara do Tite. Tem que ter a cara do Brasil. Seria pretensioso da minha parte. É a nossa cara, da característica dos atletas. Ter muita transição, rapidez com a base da seleção. Ajustar e potencializar. Essa é minha função", afirmou o treinador.

O técnico pensa até em fazer um rodízio de capitães. Atualmente, o atacante Neymar ostenta a faixa.

"Temos uma ideia de capitania. Podemos divergir de ideias, é da vida, mas com respeito. Todos têm uma responsabilidade por cima da performance. Todos vencem. Essa é a grande marca de uma equipe de futebol. Essa mudança de capitania traz isso", afirmou.

Apesar dos resultados recentes, como a eliminação na primeira fase da Copa América Centenário, Tite elogiou a atual geração de jogadores do Brasil.

"Grandes atletas, jogadores de qualidade técnica, com potencial de crescimento. Neymar é um astro, mas tem uma série de jogadores com potencial de crescimento muito grande".

O treinador admitiu ainda que a seleção corre o risco de ficar fora da Copa do Mundo de 2018.

Após seis rodadas, o time ocupa a sexta colocação nas eliminatórias, fora da zona de classificação para o Mundial –apenas os quatro primeiros se classificam, sendo que o quinto vai para uma repescagem.

"O foco é a classificação para o Mundial. E nós não estamos na zona de classificação. Mas claro que se corre o risco [de ficar fora da Copa]. É um fato real. Mas há uma qualidade de trabalho de reajuste de crescimento para que a gente busque a classificação", afirmou.


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