Folha de S. Paulo


Investigado pelo FBI, Del Nero é blindado por Código de Ética da CBF

As denúncias de corrupção na CBF feitas pelo FBI contra o presidente Marco Polo Del Nero não serão submetidas ao Código de Ética da entidade.

A afirmação é do coordenador do grupo de trabalho para a elaboração do código, Caio Rocha. Ele disse que Del Nero não corre risco de ser investigado pela confederação por causa das denúncias do FBI.

"O Código de Ética só vai poder apreciar denúncias ou crimes cometidos após a sua entrada em vigor. Antes disso, não podemos fazer nada", justificou Caio, que também é presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Em dezembro, o dirigente foi denunciado pelo FBI por ser um dos beneficiados do esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior.

José Maria Marin, seu antecessor na CBF, está preso no exterior há um ano por denúncias semelhantes do FBI. Ricardo Teixeira, que comandou a entidade por duas décadas, também foi denunciado pelo FBI.

"Os fatos foram em um momento anterior. Não tem como aplicar uma punição retroativa", disse Rocha.

Além do FBI, a Fifa e duas CPIs no Congresso Nacional investigam Marco Polo Del Nero.

Na terça (7), os deputados da CPI da Máfia do Apito aprovaram requerimento para a CBF enviar os contratos com os patrocinadores e a folha de pagamento.

Diretor de assuntos internacionais da CBF, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) disse que a confederação não deve enviar os documentos aos integrantes da CPI.

No ano passado, a CPI do Futebol, no Senado, aprovou requerimento parecido, mas a CBF obteve liminar no STF (Supremo Tribunal Federal) para não divulgar os contratos.

Autoridades acreditam que somente tendo acesso aos contratos da entidade e a movimentação financeira de suas contas será possível investigar com rigor a CBF.

CARGOS REMUNERADOS

Rocha informou que dirigentes de federações e de clubes não vão poder ocupar cargos remunerados na CBF, de acordo com a minuta do Código de Ética aprovado na reunião desta quinta do Comitê de Reformas.

Os presidentes das Federações Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro, e da Goiânia, André Pita, terão que deixar o cargo quando o código entrar em vigor.

Para isso, os 27 presidentes de federações terão que aprovar o texto do código em uma assembleia, sem data marcada.

CALENDÁRIO

O diretor de competições da CBF, Manoel Flores, anunciou que os Estaduais terão 18 datas em 2017, uma a menos que neste ano. Já os Regionais serão disputados em oito partidas. A Primeira Liga, que reúne clubes do Sul, Miras e Rio, está incluído no calendário da CBF, mas Flores não disse quantas partidas o torneio contará no próximo ano.

Já o Brasileiro-17 terá duas paradas de 14 dias para jogos de eliminatórias (setembro e outubro).


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