Folha de S. Paulo


Com veto a Petraglia, times brasileiros se unem por dinheiro e poder

Doze dos maiores clubes do Brasil se reunirão nesta quarta-feira (8) para tentarem aprovar, enfim, a criação de uma nova associação.

Eles se juntaram inicialmente para formar uma liga sul-americana, mas romperam com os times estrangeiros e agora querem dar continuidade em âmbito nacional.

O grupo já vem atuando por meio de um grupo de Whatsapp e alguns encontros.

Até uma eleição eles já fizeram por meio do aplicativo de conversas online.

Os participantes são: Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, Internacional, Grêmio, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Atlético-MG e Cruzeiro.

Lalo de Almeida - 7.dez.2004/Folhapress
Mario Celso Petraglia, ex-presidente do Atlético-PR, posa para a foto
Mario Celso Petraglia, ex-presidente do Atlético-PR, posa para a foto

Há, porém, um veto claro: nada de política dentro da associação. 

Com este argumento, eles disseram não ao ex-presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, que foi vetado a participar —ele faz oposição ao comando da CBF e se desgastou à frente da Primeira Liga.

O encontro desta quarta acontecerá na sede do time tricolor gaúcho, em Porto Alegre.

"Nesta reunião de quarta vamos definir um estatuto, ver exatamente como a associação vai funcionar. É um momento de muita união desses clubes. Não queremos fazer campeonato, só queremos atuar em lutas que temos em comum. Neste primeiro momento, o foco maior é a parte da Libertadores. Mas há outros assuntos que vamos lutar", afirmou Lásaro Cunha, diretor jurídico do Atlético-MG, em contato com a Folha.

Com a presença majoritária de advogados e diretores jurídicos, a ideia é inicialmente focar na Conmebol.

As pautas vão desde melhorar o retorno financeiro na participação de torneios até mudança de regras, passando também pela busca de mais poder político na organização sul-americana.

A união entre os 12 clubes começou com a lei de refinanciamento das dívidas, o Profut, e se intensificou com a tentativa de criação de uma liga sul-americana —que acabou não dando certo.

"É uma espécie de Clube dos 13, mas não exatamente com a mesma atuação, ao menos em princípio", completou Cunha, do Atlético-MG.

Procurado, Petraglia confirmou que tentou entrar no grupo, mas não conseguiu permissão. Disse "não saber os critérios escolhidos para a formação da nova associação" e que vai continuar lutando para fazer parte.

STJD

Dessas reuniões, um grupo de Whatsapp foi criado com a presença de todos.

Na semana passada, o grupo online funcionou para um momento histórico: a escolha de dois auditores para serem indicados ao Pleno (segunda instância) do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Embora tenham esse direito há anos, não participavam disso. A escolha ficava por conta da CBF ou do sindicato.

Em julho, o Tribunal passará por mudanças, e nove auditores passarão a ocupar as cadeiras dos membros atuais.

As indicações acontecem da seguinte forma: CBF indica dois nomes, clubes indicam dois, árbitros indicam dois, OAB indicam dois e os atletas indicam mais um —totalizando em nove, que escolherão o presidente.

Os escolhidos dos clubes foram: José Perdiz de Jesus, do Distrito Federal, e João Bosco Luz, diretor jurídico do Goiás—os dois carregam no currículo experiência no STJD.

ADVOGADOS

A diferença desse movimento para outros recentes que apareceram é que o grupo é liderado por advogados dos clubes e não por cartolas.

Os dirigentes estão dando liberdade para as reuniões acontecerem e a associação se formar, mas não são os protagonistas.


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