Folha de S. Paulo


Agradecidos, EUA se despedem do homem que foi 'maior que a vida'

Os Estados Unidos se despedem de um dos maiores atletas e ícones culturais de sua história com mais sorrisos que lágrimas. Em meio à tristeza pela morte de Muhammad Ali, o sentimento predominante é de agradecimento a uma personalidade gigante, que conseguiu a proeza de ser levado a sério por suas atitudes e desempenho esportivo, e ao mesmo tempo um show man inigualável.

Nos noticiários da TV americana, ocupados totalmente por tributos a Ali, os lamentos só eram superados pelo prazer de relembrar os momentos mais marcantes de uma vida extraordinária. Mas como encontrar palavras para definir um homem que foi um frasista tão mortífero como seus golpes?

"Muhammed Ali foi um grande homem, que nunca morrerá", tuitou George Foreman, 81, que em 1974 foi derrotado por Ali na "luta na floresta", no Zaire (hoje República Popular do Congo). Sua homenagem incluiu Joe Frazier, com quem Ali também disputou o título mundial dos pesados. "Ali, Frazier e Foreman. Nós formávamos um só homem. Uma parte de mim foi embora, a melhor parte".

Começando por sua cidade natal, Louisville, no estado de Ketucky, as homenagens se espalharam pelo país em que tornou-se um dos maiores símbolos da luta contra o racismo, e pelo qual se recusou a lutar na guerra do Vietnã com um argumento tão simples como certeiro. "Não tenho nenhuma desavença com esses vietcongs", disse em 1967. "Nenhum vietcong jamais me chamou de negro".

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A afronta lhe custou caro, Ali perdeu a licença de pugilista e ficou três anos fora dos ringues. Mas com sua coragem, ele acabaria tendo um impacto até mais profundo que Martin Luther King, o principal líder do movimento pelos direitos civis no país, arrisca Bob Arum, o empresário que mais promoveu lutas de Ali (26, das 61).

"Um gigante nos deixou. Muhammad Ali transformou este país e impactou o mundo com seu espírito. Seu legado será parte de nossa história para sempre", disse Arum.

Para um homem que ganhou a vida com seus punhos, Ali talvez seja até mais conhecido por sua habilidade com as palavras. Bravatas, arrogância, prepotência, mas também sabedoria, coragem e um humor irresistível fizeram dele um frasista único. Para as novas gerações de atletas, um modelo dentro e fora do esporte.

"Muhammed Ali foi maior que o esporte e a vida. Ele disse que era o maior, e estava certo", disse o ex-craque do basquete Michael Jordan, que há anos vence as pesquisas como o maior atleta da história dos EUA.
Mas como Jordan apontou, Ali era maior que o esporte e assim será lembrado.

"Desde o dia em que ele ganhou a medalha de ouro olímpica em 1960, fãs do boxe ao redor do mundo sabiam que estavam vendo uma mescla de beleza e graça, velocidade e força, que talvez jamais seja igualada novamente", disse Hillary Clinton, numa pausa em sua campanha à Presidência.


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