Folha de S. Paulo


Dunga e Taffarel tietam trave em que brilharam na conquista do tetra

Dunga, Taffarel e Rinaldi tietam trave do tetra

Os três caminharam lentamente do meio do campo até a baliza. Mas não era uma baliza qualquer.

Para Dunga, Taffarel e Gilmar, era a baliza do campeonato mundial que ganharam com a seleção brasileira, quase 22 anos atrás. 

E os três, abraçados, tiraram uma foto de recordação. Todos voltaram nesta sexta (3) ao Rose Bowl, em Pasadena, cidade próxima a Los Angeles, pela primeira vez desde aquele dia especial.

O local da trave onde Dunga marcou de pênalti, e Roberto Baggio, craque da Itália, isolou a bola em cobrança de falta, em 17 de julho de 1994, foi tietada pelos membros da comissão técnica da seleção depois do treino de véspera da estreia na Copa América Centenário, neste sábado, 23h de Brasília, contra o Equador.

E o clima ameno, saudoso, fez algo quase inimaginável acontecer: Dunga parar para conversar com jornalistas fora de uma entrevista coletiva – desde a Copa de 1990, quando o fracasso naquele Mundial fez a geração ser taxada de "era Dunga", ele tem rixa com repórteres.

Rafael Ribeiro/CBF
Gilmar Rinaldi, Dunga e Taffarel conversam no gol que o Brasil conquistou o tetra nos pênaltis
Gilmar Rinaldi, Dunga e Taffarel conversam no gol que o Brasil conquistou o tetra nos pênaltis

"Foi frio na barriga. Eu chutei a bola e vi o Pagliuca [goleiro da Itália] pular para o mesmo lado, aí pensei: meu Deus. Mas a bola entrou. É um local realmente especial", disse Dunga.

Dunga topou até posa para os cinegrafistas e fotógrafos fingindo que estava cobrando o pênalti. Naquela Copa, ele contou, treinava justamente contra Gilmar Rinaldi, hoje coordenador de seleções, ou seja, seu chefe.

"Batia forte na bola nos treinos. Mas na decisão fui para a bola decidido a bater em um canto. Na hora ali não é fácil", comentou Dunga, sem tirar os olhos da trave.

A tietagem foi imensa. Vários membros da comissão técnica tiraram foto com Taffarel na baliza – que, claro, não é a mesma de 1994, mas simboliza o título.

"O Dunga me falou algo legal hoje: disse que lá do meio do campo, no pênalti do Baggio, ele viu que quando eu pulei para a esquerda, o Baggio chutaria lá, então ele teve que virar o corpo e bater para o outro lado, e aí isolou a bola. Então eu atrapalhei um pouquinho o Baggio no lance do título", disse Taffarel, hoje preparador de goleiro da seleção brasileira e que defendeu um pênalti na decisão, o de Massaro, um antes de Baggio errar.

O pênalti mais sofrido, lembrou Dunga, foi o de Romário. Craque daquela Copa,  o Baixinho, como era conhecido, não era especialista, mas foi um dos cobradores, e acertou com sofrimento.

"A bola do Romário tocou na trave, ali [Dunga mostrou com o braço a direção da bola], e rodou toda a rede", disse.

No final, Taffarel brincou com o chute de Baggio. "Acho que não foi parar na arquibancada porque tinha uma outra rede ali sobre o gol que não deixou ir", disse o camisa 1 naquela tarde.


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