Folha de S. Paulo


Opinião

A Copa-14 tem tudo a ver com mais esse capítulo da roubalheira

Faz pouco mais de um ano que o escândalo da Fifa veio à tona.

Sala da presidência lacrada pela polícia, cartolas como José Maria Marin presos em hotéis de luxo e um outro atravessando o Oceano Atlântico pela última vez, o Marco Polo que não viaja mais.

Era o anúncio de uma roubalheira conhecida por quem se preocupava em investigar os bastidores da transnacional do futebol e suas ramificações pelos cinco continentes, com filial importante no Brasil, tricampeão no quesito com o trio Teixeira$Marin$Nero.

Difícil era provar apenas com os meios de que dispõem os jornalistas, mas, com ajuda deles, o FBI e a Justiça suíça chegaram ao gol.

Chegaram sabendo que faziam apenas o primeiro gol, que outros viriam, numa autêntica goleada, dessas de fazer coisa de criança aqueles 7 a 1 numa semifinal de Copa do Mundo entre os anfitriões pentacampeões mundiais e os futuros tetracampeões.

Porque não apenas Joseph Blatter, o presidente reeleito em seguida ao escândalo, e em seguida, por causa dele, renunciado, seria pego. 

Seu homem de confiança, secretário-geral da entidade, que tinha por hábito chutar traseiros de países travessos, Jérôme Valcke, também cairia e assim por diante, como num jogo de dominó, até atingir figuras aparentemente acima de quaisquer suspeitas, como os ídolos do futebol francês e alemão, Michel Platini e Franz Beckenbauer, já sem chuteiras, mas de cartolas, ao trocar os gramados pelos gabinetes refrigerados e nebulosos.

Sim, fácil saber o que você está pensando: como parece com o Brasil...

Lá como cá, em Zurique ou em Brasília, o poço parece não ter fundo e quanto mais cavar mais lama emergirá.

É evidente que a Copa do Mundo de 2014 tem tudo a ver com mais este capítulo da roubalheira.

Como é evidente que Joseph Blatter teve um ótimo professor, não por acaso nascido no Rio de Janeiro, o centenário, como a imunda Copa América, João Havelange.


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