Folha de S. Paulo


Fifa diz que Blatter e 2 ex-dirigentes dividiram mais de R$ 280 milhões

O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter, o ex-secretário-geral Jérôme Valcke e Markus Kattner, secretário-geral adjunto da entidade, dividiram 80 milhões de dólares (aproximadamente R$ 284 milhões) "em um esforço coordenado de enriquecimento pessoal" através de contratos e compensações, inclusive com a realização da Copa do Mundo-2014, ao longo dos últimos cinco anos, indicou nesta sexta-feira (3) a própria Fifa.

A Federação Internacional de Futebol, com sede em Zurique, informou a Justiça suíça e vai compartilhar os dados com a Justiça americana.

"Alguns contratos contêm dispositivos que parecem violar o direito suíço. As evidências parecem revelar um esforço coordenado de três funcionários que eram do alto escalão da Fifa no sentido de enriquecerem com salários, bônus ligados a Copas do Mundo e outros incentivos que totalizaram US$ 80 milhões", informa comunicado da Fifa.

Na quinta-feira (2), autoridades suíças realizaram novas buscas na sede da Fifa e apreenderam documentos e dados eletrônicos em mais uma parte da operação contra o escândalo de corrupção que gira em torno da entidade. "Como parte das investigações criminais em andamento no caso Fifa, o escritório do Procurador-Geral da Suíça realizou uma busca na sede da Fifa em 2 de junho de 2016 com o objetivo de confirmar descobertas já existentes e obter mais informações", informou a procuradoria em comunicado.

Em maio de 2015, a polícia suíça, a pedido das autoridades dos EUA, realizou uma operação surpresa para deter seis dirigentes da Fifa investigados por corrupção e com mandados de extradição. Entre eles, o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que atualmente cumpre prisão domiciliar nos EUA.

Com o escândalo de corrupção, Blatter renunciou ao cargo de presidente da Fifa no dia 2 de junho — quatro dias após ser eleito para um novo mandato.

Blatter foi o sucessor de João Havelange, 100, na presidência da Fifa. O brasileiro, que comandou a entidade entre 1974-98, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, receberam R$ 45,5 milhões em subornos da empresa de marketing esportivo ISL.

Já Jérôme Valcke foi suspenso por 12 anos de qualquer atividade relacionada ao futebol em fevereiro deste ano, pelo Comitê de Ética da Fifa, que ainda determinou que o cartola passasse uma multa de 100 mil francos suíços (cerca de R$ 408 mil).

As investigações foram iniciadas após relatos de irregularidades envolvendo a venda de ingressos da Copa do Mundo. Durante o procedimento, outros atos supostamente irregulares vieram à tona. Eles estariam relacionados a políticas de despesas de viagens da entidade, direitos de TV e destruição de provas.

Markus Kattner foi demitido da Fifa na semana passada. Em comunicado, a entidade informou que "uma investigação interna descobriu quebras de responsabilidade fiduciárias em conexão com seu contrato de trabalho".

COPA DO MUNDO-2014

De acordo com a Fifa, Blatter, Jérôme Valcke e Markus Kattner foram premiados em quase R$ 95 milhões com a realização da Copa do Mundo-2014.

INFANTINO

Uma porta-voz da procuradoria disse que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, não é um dos indivíduos em investigação. Infantino foi eleito presidente da entidade em fevereiro deste ano —nove meses após o maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial.

OUTRO LADO

Tanto o ex-presidente quanto Valcke negam terem cometido qualquer crime. Segundo o advogado de Blatter, Richard Cullen, seu cliente está confiante de que vai provar sua inocência.

"Estamos ansiosos para mostrar à Fifa que os pagamentos feitos ao senhor Blatter foram corretos, justos e de acordo com o que recebem os comandantes das principais ligas esportivas do mundo."

Quem é quem Fifa


Endereço da página:

Links no texto: