Folha de S. Paulo


Campeão após vencer o Peñarol, Plaza Colônia é o Leicester uruguaio

A América do Sul já tem o seu Leicester, o surpreendente pequeno clube inglês que venceu nesta temporada a Premier League: chama-se Plaza Colônia e acaba de conquistar o Clausura, um dos três torneios que se disputam no Uruguai.

A história desse clube, que completa o centenário no ano que vem, pode ser resumida na frase do seu principal jogador, o atacante Nicolás Dibble, o melhor da equipe: "Lutamos, comemos merda e hoje somos campeões".

O "hoje" refere-se ao domingo, dia 29, quando o Plaza Colônia derrotou o poderoso Peñarol, em pleno estádio Campeón del Siglo, presunçoso nome para um clube que é, de fato, o maior campeão uruguaio.

Foi 2 a 1 para o Plaza Colônia, o que lhe permitiu ganhar o Clausura com uma rodada de antecipação: ficou cinco pontos à frente do Peñarol e sete do Nacional, o outro grande uruguaio.

"Comer merda" é um pouco de exagero, mas não tanto: houve um momento em que os jogadores do clube, de fato, não tiveram mais que arroz e "pancho" (como os uruguaios e os argentinos chamam o cachorro quente) como refeição.

Natural em se tratando de um clube cujo orçamento total, incluindo as divisões de base e o time da Primeira Divisão, não passa de US$ 65 mil mensais (R$ 235 mil), "quantia que recebem algumas máximas figuras dos grandes", conforme mostra a mídia uruguaia.

O que torna ainda mais semelhantes as façanhas do Leicester e do Plaza Colônia (da cidade de Colônia do Sacramento, com cerca de 25 mil habitantes, a duas horas de Montevidéu) é o fato de que ambos saíram da segunda divisão para a elite, com planos para, no máximo, escapar do rebaixamento.

Foi ganhando, ganhando (inclusive dos dois grandes) e terminou com nove vitórias e apenas uma derrota, além de quatro empates.

Agora, em vez de se manter na primeira divisão, ganhou o direito de disputar as seminais do Campeonato Uruguaio, que fecha o circuito de torneios no país.

LUGANO

O segredo do sucesso ainda precisa ser mais esmiuçado, mas o jornal "La República" o resume assim:

"Embora seu rendimento coletivo tenha sido a chave, teve vários pontos altíssimos, como Nicolás Dibble [o melhor do campeonato], [o goleiro] Kevin Dawson e [o zagueiro] Carlos Rodríguez. Fora do campo, todos os aplausos são para Eduardo Espinel [o técnico], que tirou o máximo de seu pessoal, foi consciente de suas limitações e demonstrou claramente que nem sempre o dinheiro é o mais importante no futebol".

O treinador Espinel foi companheiro de Diego Lugano, o zagueiro são-paulino que, no início da preparação, esteve com os jogadores do Plaza Colônia para lhes falar de profissionalismo (parte dos jogadores trabalhava oito horas por dia, antes de chegar à bonança atual para completar o salário).


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