Folha de S. Paulo


Lateral do Corinthians, Fagner diz que brasileiro precisa ter mais paciência

Um dos destaques da campanha corintiana, o lateral direito Fagner já fez em quatro meses o mesmo que em 12 nos dois últimos anos. Tem dois gols em 2016 e boas atuações no Paulista e na Libertadores.

Foram dois gols também no seu retorno ao Parque São Jorge, em 2014, e dois na temporada do hexa, em 2015.

O brilho de agora cala os torcedores que se irritavam com o jogador quando Mano Menezes era o treinador. Seu setor é uma das mais importantes armas de Tite para a semifinal do Paulista deste sábado (23), às 18h30, contra o Audax, em Itaquera.

Para Fagner, falta paciência no futebol brasileiro, o que faz com que atletas não consigam aprender o que deveriam e treinadores não ensinem o que poderiam. O motivo: cobrança por resultados.

O lateral direito do time alvinegro não se perde na empolgação pelas redes balançadas e diz: "Se for para ajudar o companheiro, prefiro dar assistência a fazer gol".

Ele é líder em assistências, com cinco no total, e o primeiro do ranking daqueles que mais dão passes para finalizações, certas ou erradas.

Curtindo o melhor ano da sua carreira e da vida pessoal, Fagner sonha com a seleção.

*

Folha - O Corinthians é favorito contra o Audax?
Fagner - Ah, não, né? Não existe mais isso no futebol. O favoritismo acontece dentro de campo, em como a equipe se comporta. O Audax mostrou que está bem.

Surpreende o Audax estar na semifinal?
Não. Desde o começo, mostrou que tinha um estilo de jogo. Sabemos que vai ser um jogo duro e que teremos trabalho. Vamos ter que nos doar na marcação e que estar bem organizados também.

Em 2015 vocês foram desclassificados no Paulista e o time viveu fase ruim. Preocupa?
Foi uma situação diferente. Quem ficou amadureceu. Se repetirmos nossas atuações, temos condições de ir à final, mas precisamos errar o mínimo possível.

Qual a diferença do time do ano passado para esse?
É difícil explicar. Muitos saíram, alguns vieram. Comparar é complicado. O time de 2015 fez sua história e o de 2016 vai fazer a dele.

Como você explicaria a diferença entre o Fagner formado no clube e o que é hoje?
Eu sai um menino [com 17 anos] e voltei com outra cabeça. Busquei aprender e amadurecer. Essa é a grande diferença do Fagner que saiu menino, do que voltou em 2014, adulto (tem 26 anos).

O que saiu era mais nervoso?
Acho que não (risos). Acho que dentro do campo você acaba tentando mostrar o seu melhor. Aquilo é o meu prato de comida, da minha família. Eu quero ganhar sempre.

Em uma entrevista no ano passado, o Uendel disse que você era o alvo das brincadeiras deles. Continuam assim?
Eles não têm limite nenhum (risos). Acho que me amam. Sou o mais zoado. Tem horas que eu dou de ignorante para ver se eles param de pegar no meu pé, mas isso não funcionou ainda. Continuam no meu pé.

É a melhor fase da vida?
Sem dúvida. A melhor da minha carreira e da minha vida. As coisas andam juntas.

O que mais te surpreende do que você tem conseguido fazer dentro de campo?
Eu acho que ajudar meus companheiros. O futebol é um esporte coletivo, no qual você tem mais 30 companheiros no dia a dia, mais dez na hora do jogo. Dar um passe, tirando uma bola lá de trás, fazer uma cobertura, tudo dá uma satisfação enorme.

O que prefere: dar assistência ou fazer o gol?
Se for para ajudar um companheiro, prefiro dar uma assistência a fazer o gol.

Uma convocação para a seleção vai ser a cereja do bolo?
Eu deixo mais para a imprensa falar. Fico feliz que estejam falando. Eu sou do Corinthians hoje, não posso parar de fazer meu trabalho, porque caso contrário jamais vou ser um jogador de seleção. Tenho que estar preparado para isso, caso aconteça.

Todo garoto tem o sonho de ir à seleção. Você não tem?
É o sonho de todos. Dificilmente alguém fala que não tem. Tenho essa vontade. Mas esse sonho não pode ultrapassar um limite que venha a me atrapalhar.

Você acha que o Brasil está carente de laterais?
Não é que esteja faltando. O futebol brasileiro precisa ter um pouco mais de paciência com o atleta, para explicar mais as coisas. Essa paciência também não tem com treinadores. Pela pressão que existe pelos resultados, às vezes o técnico não consegue passar tudo que pode para o atleta.

Você ficou desanimado com o desmanche do time?
Todo mundo quer jogar no Corinthians. A gente sabia que era uma questão de tempo para que outros viessem. As coisas estão acontecendo. Todo mundo se adaptou à filosofia de trabalho de Tite.


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