Folha de S. Paulo


Mesmo animado, não via a hora de acabar as etapas, diz Fanning

Laurent Masurel/Reprodução/WSL
Mick Fanning pega uma onda em Pipeline, no Havaí
Mick Fanning pega uma onda em Pipeline, no Havaí

Após participar das duas primeiras etapas do circuito mundial de surfe deste ano –13ª posição em Gold Coast e 3º em Bells Beach, ambas na Austrália, sua terra natal–, o tricampeão mundial Mick Fanning, 34, ainda não decidiu se continuará competindo no próximo ano.

"Eu fiquei animado com esses dois eventos, mas, mesmo animado, não via a hora de as etapas acabarem", afirmou o australiano em entrevista ao Laureus.com cedida com prioridade para a Folha.

O surfista decidiu fazer uma pausa em sua carreira em 2016 após ter um ano complicado –ele disputará apenas algumas etapas para permanecer na divisão de elite do surfe mundial.

Em julho de 2015, Fanning foi atacado por um tubarão durante a final da etapa de Jeffreys Bay, na África do Sul. Por sorte, sofreu apenas alguns arranhões.

Reprodução/WSL
Fanning é atacado por um tubarão na África do Sul
Fanning é atacado por um tubarão na África do Sul

Já em dezembro, durante a última etapa do circuito mundial, no Havaí, Fanning recebeu a notícia de que um de seus irmãos havia morrido na Austrália. Mesmo assim, ele brigou pelo título até o fim, terminando na segunda posição, atrás do brasileiro Adriano de Souza.

Por tudo isso, o surfista foi indicado ao prêmio Laureus, que será entregue nesta segunda (18), nas categorias "superação" –para atletas que se recuperaram de grandes dificuldades– e melhor atleta de esportes de ação.

*

Suas participações nas primeiras etapas da temporada fizeram você mudar de ideia sobre usar 2016 como uma espécie de ano sabático?
Fanning: De forma nenhuma. Eu fiquei animado com esses dois eventos, mas, mesmo animado, não via a hora de as etapas acabarem. A única razão para disputá-las é permanecer na divisão de elite.

Você volta no ano que vem?
No momento, estou completamente indeciso sobre continuar no circuito. A razão de eu ter dado uma pausa é justamente me dar a oportunidade de decidir sobre 2017.

Kelly Slater e Andy Irons, dois grandes nomes do surfe, também fizeram uma pausa em suas carreiras. Você acredita que pode voltar mais forte?
Acredito que sim, se eu ainda tiver motivação para brigar por títulos mundiais. Estou me afastando das competições para ver se sinto falta delas, se a fome ainda está lá.

O que você vai fazer no seu tempo livre?
Vou viajar com os amigos, surfar sem a pressão de fazer uma performance de acordo com critérios técnicos e apenas aproveitar o fato de não ter que seguir o mesmo calendário em que eu estive preso nos últimos 16 anos.

Como você se manteve focado na disputa do título, em 2015, mesmo após a morte do seu irmão?
Foi muito difícil. No entanto, pouco antes de ele morrer estivemos juntos, ele disse que estava muito orgulhoso de mim e que uma das coisas que ele mais gostava era me ver competindo. Continuar, então, ficou fácil porque sabia que isso é o que o meu irmão gostaria que eu fizesse.

*A WSL (organizadora do Mundial) usará sonares em jet skis para prevenir ataques de tubarões como o que você sofreu. Acha que isso será suficiente?
Já falei bastante que gostaria de voltar a J-Bay. Eu amo aquele lugar e quero voltar. A WSL está trabalhando extensivamente para minimizar os riscos, mas, em última análise, sempre há perigo e nós como surfistas aceitamos isso.

Você vai participar da etapa de Jeffreys Bay neste ano?
No momento, não estou confirmado em nenhum evento, mas eu disse que iria voltar para lá e sou um homem de palavra.

Você tira algo de bom de todas as coisas que aconteceram com você no último ano?
Sempre olho o lado positivo. Acho que essas coisas me forçaram a pensar sobre o que eu quero fazer com a minha vida, e isso é excitante.

Vários surfistas brasileiros, como Gabriel Medina e Adriano de Souza, veem você como um ídolo, e todos falam do seu comportamento fora do mar como um exemplo. Quão importante é a preparação fora do mar para um surfista?
Sempre tentei ser o melhor surfista que eu consigo, mas, mais importante, eu tento ser uma boa pessoa. Tenho grandes amizades com muitos surfistas do circuito e todos os garotos brasileiros são verdadeiros amigos. Para mim, atingir todo meu potencial está diretamente ligado a melhorar minha saúde e meu preparo físico. Demorei alguns anos para perceber isso, outras pessoas devem ter notado isso também.


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