Folha de S. Paulo


Investigação revela que Messi e Platini têm empresas em paraísos fiscais

Os nomes do argentino Lionel Messi, do Barcelona, e do ex-jogador francês Michel Platini, que está suspenso das atividades do futebol por seis anos, estão na lista de pessoas que teriam offshores, contas abertas em paraísos fiscais.

No caso de Messi, a suspeita é que a operação teria como intuito fraudar o Fisco espanhol. O argentino adquiriu a empresa Mega Star Enterprises, no Panamá, por meio de advogados uruguaios, segundo investigação. A ação teria ocorrido apenas algumas horas após a Fazenda espanhola o acusar de fraude de 4,1 milhões de euros.

"Em 13 de junho de 2013, apenas um dia depois saber que tinha evadido 4,1 milhões de euros", Messi e seu pai, Jorge Horacio Messi, "utilizaram um escritório uruguaio para construir uma sociedade panamenha, com a qual teriam continuado faturando seus direitos de imagem pelas costas da Agência Tributária espanhola", relatou o jornal espanhol "El Confidencial".

Panama Papers

A Justiça espanhola marcou para 31 de maio o início do julgamento contra Messi e seu pai por este caso.

Nos documentos também aparece citado o ex-presidente da Uefa, Michel Platini, mas em comunicado enviado à AFP, ele afirmou que todas as atividades relativas foram informadas às autoridades suíças, onde o ex-jogador tem residência fiscal desde 2007.

A apuração internacional que revelou os casos que envolvem Messi e Platini começou quando o jornal alemão "Süddeustche Zeitung" obteve 11,5 milhões de documentos sobre o escritório do Panamá e compartilhou os papéis com 376 jornalistas de 109 veículos em 76 países, todos ligados ao ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), uma entidade sem fins lucrativos com sede em Washington, nos Estados Unidos.

No Brasil, a investigação foi conduzida pelo UOL, que faz parte do grupo Folha, pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e pela Rede TV!. A série de reportagens foi batizada internacionalmente de "Panama Papers".

PRESIDENTE DO PEÑAROL

A investigação revelou também que o escritório de advocacia pertencente a Juan Pedro Damiani, presidente do Peñarol e integrante do Comitê Independente de Ética da Fifa, tinha relações comerciais com três homens que foram indiciados no escândalo de corrupção da entidade que coordena o futebol mundial.

Os registros mostram que Damiani e seu escritório de advocacia trabalharam para pelo menos 7 companhias offshores —empresas abertas em paraísos fiscais— ligadas a Eugenio Figueredo, ex-vice-presidente da Fifa, que está na mira das autoridades norte-americanas.

Em dezembro, Figueredo reconheceu que existe corrupção na entidade que rege o futebol sul-americano, segundo comunicado do promotor que pediu a prisão do dirigente no Uruguai.

Segundo o promotor, das declarações de Figueredo na quinta-feira é possível concluir "que desde a época em que assumiu o cargo de membro do Comitê Executivo da Conmebol, recebia importantes somas de dinheiros, em função de um esquema do qual participavam diversos integrantes da entidade, com a finalidade de manter o 'status quo' de uma forma perversa de corrupção".

Ele estava preso na Suíça desde maio, mas foi extraditado ao Uruguai em dezembro.


Endereço da página:

Links no texto: