Folha de S. Paulo


Americanas reclamam de receber menos do que homens do futebol

Rhona Wise/AFP
As jogadoras Alex Morgan e Hope Solo recebem prêmios em torneio na Flórida, nos EUA
As jogadoras Alex Morgan e Hope Solo recebem prêmios em torneio na Flórida, nos EUA

Cinco jogadoras da seleção norte-americana de futebol, atual campeã mundial e olímpica, apresentaram queixa formal às autoridades do país em que acusam a US Soccer (Federação dos EUA) de discriminação salarial contra mulheres. A informação é do jornal "New York Times".

O grupo de atletas que apresentaram queixa é formado pelas cocapitãs Carli Lloyd e Becky Sauerbrunn, a goleira Hope Solo, a meio-campista Megan Rapinoe e a atacante Alex Morgan.

No documento, apresentado à Comissão de Oportunidades de Trabalho Equalitárias —agência federal responsável por garantir o cumprimento de leis contra discriminação no ambiente de trabalho—, as jogadoras pedem uma investigação sobre a US Soccer.

Além disso, a ação insere o futebol no mesmo debate sobre a desigualdade de salários e premiações entre homens e mulheres no esporte, que ganhou espaço após declaração de Raymond Moore, organizador do torneio de tênis de Indian Wells.

De acordo com o advogado das atletas, Jeffrey Kessler, a seleção feminina é a principal força econômica da US Soccer, entidade que rege o esporte no país. Mesmo assim, ele argumenta, as jogadoras recebem aproximadamente 40% do valor pago aos integrantes da equipe masculina.

"Nós fomos muito pacientes ao longe dos anos com a crença de que a federação iria fazer a coisa certa e nos compensar de forma justa", afirmou Lloyd, eleita a melhor jogadora da Copa do Mundo-2015.

"Os números falam por si", disse a goleira Solo. "Nós somos as melhores do mundo, temos três títulos da Copa do Mundo, quatro ouros olímpicos, e ainda assim a equipe masculina recebe mais apenas por jogar, enquanto nós conquistamos títulos importantes", completou.

Em resposta, a US Soccer afirma estar desapontada com a decisão das jogadoras.

"Ainda não tivemos acesso à queixa e não podemos comentar sobre os detalhes dele", afirmou em comunicado oficial. "Nós estamos desapontados sobre essa ação. Nós somos a líder mundial no futebol feminino e estamos orgulhosos do compromisso assumido em construir o futebol feminino nos Estados Unidos durante os últimos 30 anos", encerra.

DIFERENÇAS

Ao contrário dos homens, as jogadoras da seleção norte-americana têm contrato de trabalho com a US Soccer e recebem em torno de US$ 72 mil por ano. Segunda as atletas, mesmo com bônus por performance, elas ganham menos do que os integrantes do time masculino, que são pagos apenas quando convocados.

Segundo o "New York Times", um jogador recebe US$ 5.000 por uma derrota em amistoso, mas pode receber até US$ 17.625 por uma vitória sobre uma potência da modalidade. Em comparação, uma mulher fatura US$ 1,350 por partida, mas só em caso de vitória dos EUA; não há bônus em caso de empate ou derrota.

Na queima formal, as jogadoras dizem que os jogos da seleção feminina tem audiência de TV superior à masculina, além de possuir melhor média de público no estádio.


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