Folha de S. Paulo


Cérebro da Laranja Mecânica, Cruyff morre aos 68 anos

O holandês Johan Cruyff, 68, morreu nesta quinta-feira (24). Ele lutava contra um câncer no pulmão. A doença havia sido diagnosticada em outubro de 2015.

A morte do holandês foi confirmada em um comunicado na página do ex-jogador. "Em 24 de março de 2016, Johan Cruyff (68) morreu pacificamente em Barcelona, cercado de sua família após uma dura batalha contra um câncer. É com grande tristeza que pedimos que você respeite a privacidade da família durante este tempo de pesar", registrou o comunicado.

Cruyff iniciou a carreira no Ajax, em 1964, com apenas 17 anos. Ganhou destaque no início da década seguinte, ao ser o líder do Ajax tricampeão europeu (1971, 1972 e 1973).

Em agosto de 1973, se transferiu para o Barcelona. Na época, Cruyff era o detentor do prêmio Bola de Ouro, concedido pela revista France Football ao melhor jogador da Europa.

Principal jogador da seleção holandesa na Copa do Mundo-1974 —time que ficou conhecido como "Laranja Mecânica"—, ele imortalizou a camisa 14. Mesmo com a derrota na final para a anfitriã Alemanha Ocidental, Cruyff deixou o torneio sendo chamado por alguns de "Pelé Branco".

Em 1979 deixou o Camp Nou para jogar no futebol dos Estados Unidos. Lá vestiu a camisa de Los Angeles Aztecs e Washington Diplomats.

Dois anos mais tarde, Cruyff retornou à Espanha para atuar durante três meses pelo Levante, então na segunda divisão.

Em seguida, voltou para o Ajax. Permaneceu no clube por dois anos, mas irritado por não receber proposta de novo contrato, assinou com o Feyenoord, principal rival, onde encerrou a carreira em 1984.

Em 19 anos como profissional, marcou 392 gols em 520 partidas.

TÉCNICO E DIRIGENTE

A relação entre Cruyff e Ajax foi reconstruída. Assim, o ex-ídolo foi anunciado como técnico do clube em 1985. Lá implantou um estilo de jogo baseado nos mesmos conceitos desenvolvidos por seu mentor Rinus Michels —treinador da "Laranja Mecânica".

Admirada pelo futebol ofensivo, a equipe não conseguiu transformar os elogios em sucesso dentro campo.

Em 1988, Cruyff assumiu o Barcelona. Ele levou o clube catalão ao tetracampeonato nacional entre 1990 e 1994, além do titulo inédito da Copa dos Campeões da Europa, em 1992.

Demitido em 1995, o holandês só voltou a trabalhar como treinador em 2009, com a seleção da Catalunha.

Nos últimos anos, trabalhou também como dirigente no Ajax e no Chivas, do México, mas o estilo autoritário e exigente mais criou inimigos políticos do que trouxe vitórias.

Fumante inveterado durante o período de jogador, o holandês só largou o vício em 1991, quando passou por cirurgia no coração. A partir de então, se dedicou a campanhas contra o tabagismo.

"O futebol me deu tudo o que eu tenho nesta vida, e o cigarro quase me tirou tudo", sentenciou ele.

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RAIO X
Hendrik Johannes Cruyff

NASCIMENTO
25.abr.1947 (68 anos), em Amsterdã (HOL)

PRINCIPAIS CONQUISTAS

Como jogador:
Três vezes eleito melhor jogador da Europa (1971, 1973 e 1974)
Campeão mundial interclubes (1972)
Tricampeão europeu (1971, 1972 e 1973)
Campeão espanhol (1974)
Nove vezes campeão holandês (1966, 1967, 1968, 1970, 1972, 1973, 1982, 1983 e 1984)
Vencedor da Copa do Rei (1978)
Seis vezes vencedor da Copa da Holanda (1967, 1970, 1971, 1972, 1983, 1984)

Como técnico:
Campeão europeu (1992)
Duas vezes vencedor da Recopa Europeia (1987 e 1989)
Tetracampeão espanhol (1991, 1992, 1993 e 1994)
Vencedor da Copa do Rei (1990)
Duas vezes vencedor da Copa da Holanda (1986 e 1987)

A vida de Johan Cruyff


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