Folha de S. Paulo


Derrotado em votação, Romário fará relatório paralelo da CPI do Futebol

Depois de perguntar ao presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, se ele era ladrão e corrupto, o senador Romário (PSB-RJ) anunciou nesta quarta (16) que vai apresentar um relatório paralelo sobre a CPI do Futebol, que investiga a CBF e o Comitê Organizador da Copa.

O trabalho deverá ficar pronto até junho, prazo estabelecido para o encerramento dos trabalhos da comissão. O anúncio foi feito logo após Romário ter sido derrotado pela bancada da bola no Senado.

Relator da comissão parlamentar, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) convenceu os parlamentares a derrubar todos os requerimentos colocados em votação, que incluía as convocações de Ricardo Teixeira, de vários ex-dirigentes da CBF e do empresário Wagner Abrahão.

Romário e Jucá chegaram a bater boca no plenário da Comissão de Constituição e Justiça.

"Vou votar contra todos os requerimentos porque tivemos quatro decisões do STF rejeitando decisões do plenário por falta de fundamentação. Acho que essa CPI não pode ficar exposta. Não sou contra convocar ninguém, desde que a gente faça com embasamento", defendeu Jucá.

"A falta de conhecimento de vossa excelência é porque vossa excelência não quer ter esse conhecimento. E os outros membros da CPI também. Vossa excelência nunca se cadastrou no sistema da CPI para fazer qualquer tipo de pesquisa nas quebras de sigilo. Nem você e nem seus assessores, se o senhor entende que está fazendo bem ao futebol fazendo isso, eu penso o contrário'', rebateu Romário.

Após a reunião, o senador fluminense disse que não se dá por vencido.

"A reunião foi negativa, mas, como dizia o Chacrinha, só acaba quando termina. Ainda tenho muito trabalho a fazer", afirmou.

"Vou lutar até o último minuto. Farei um relatório minucioso e com detalhes para que todos entendem o que é o futebol. O que a CBF faz pelo futebol brasileiro. O que o Comitê Organizador Local fez em relação em a Copa. E o que pessoas, como esse coronel [Antonio Carlos Nunes, presidente interino da CBF], fazem pelo futebol. É triste", acrescentou.

O texto deverá ser apreciado como voto em separado e não substitui o relatório final da CPI, que será feito por Jucá. O senador do PMDB já disse que fará um relatório mais propositivo, sem acusar dirigentes da entidade.

A intenção de Romário é enviar seu relatório ao Ministério Público Federal.

Além de Jucá, a pauta foi derrubada pelo apoio de Gladson Cameli (PP-AC), Hélio José (PMDB-DF), João Alberto (PMDB-MA), Ciro Nogueira (PP-PI), Davi Alcolumbre (DEM-AP).

PIADA

A sessão da CPI desta quarta também teve o depoimento do presidente interino da CBF, coronel Antonio Carlos Nunes, que também comanda a Federação Paraense de Futebol.

"Ficou claro e nítido que a sacanagem aqui impera. Infelizmente, acho que esses que fazem sacanagem não querem, com o perdão da expressão, saber de p... nenhuma do futebol. O depoimento de hoje foi uma piada", disse o senador, que chegou a perguntar ao dirigente paraense se ele era ladrão.

Coronel reformado da PM do Pará, ele disse que comanda a CBF como "uma unidade militar" e se negou a responder alguns questionamento de Romário.

"A gente vê que ele [Coronel Nunes] não tem conhecimento de nada. Com meus títulos mundiais, brasileiros, estaduais, não aceito que ele me represente", completou o parlamentar.

O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, protestou contra a postura do senador fluminense.

"Foi vergonhoso. Nunca vi nada parecido em 40 anos no parlamento brasileiro. Acaba desqualificando o processo", disse Feldman.


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