Folha de S. Paulo


Fifa suspeita de 'influência externa' e investiga Santos por venda de Neymar

O Santos foi notificado pela Fifa de que é investigado pelo Comitê Disciplinar da entidade, que apura se houve influência de terceiros nos contratos de Neymar e, especialmente, na sua negociação com o Barcelona, em 2013.

Procurada pela reportagem, a Fifa afirmou que não comenta investigações em andamento para não comprometer o processo e que não pode confirmar se há ou não uma apuração sobre o caso.

Dirigentes do Santos, porém, confirmaram à Folha que já foram notificados.

A investigação começou quando o próprio clube decidiu entrar com um processo na Fifa contra o time da Catalunha, o atacante, seu pai e uma empresa da família.

"O Santos considera que o Barcelona, o Neymar e a empresa dele cometeram violações do contrato de transferência e reclama uma indenização dos prejuízos, mais juros", afirmou o presidente Modesto Roma Jr., em coletiva de imprensa em maio de 2015, na Vila Belmiro.

Para dar início a esta ação, o Santos teve de enviar à entidade contratos envolvendo o atleta –tanto papeis do período em que ele estava no Brasil quanto os da sua transferência para a Espanha.

FOGO AMIGO

Com os documentos em mãos, a Fifa observou que havia algumas cláusulas que versavam sobre empresas relacionadas ao atleta e deu início a um novo inquérito, com a suspeita de que tenham havido influências externas na negociação de Neymar.

Uma das cláusulas presentes em um dos contratos do jogador que acabou suscitando a investigação dizia que as empresas que tinham participação nos direitos econômicos do atleta deveriam ter ciência de possíveis propostas que chegassem ao clube para negociação de Neymar.

Além do Santos, as empresas DIS, do empresário Delcir Sonda, e Teísa, grupo formado por conselheiros do clube paulista, tinham participação nos direitos do atacante.

O regulamento da Fifa é claro sobre o tema. O artigo 18 bis, diz que as terceiras partes envolvidas em contratos não podem ter nenhum tipo de influência em decisões ou transferências. Atualmente, a entidade proíbe a participação de empresas nos direitos econômicos de atletas.

As sanções podem ir desde uma advertência ao Santos, passando por multa e até o impedimento de registro de jogadores, de acordo com o Código Disciplinar.

A reportagem ouviu três especialistas em direito desportivo, que não quiseram ser identificados. Os três afirmaram que a possibilidade de o clube da Vila Belmiro ser punido é muito grande.

Não há prazo, contudo, para que o assunto seja resolvido na Suíça. O clube ainda deve apresentar defesa.

A Folha procurou o presidente do Santos, Modesto Roma Jr., o vice-presidente, César Conforti, e o departamento jurídico para comentar o caso, mas nenhum deles atendeu às ligações.


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