Folha de S. Paulo


Investigação vê indício de corrupção no futebol de 8 países sul-americanos

Investigações conduzidas pelos Ministérios Públicos em ao menos oito países da América do Sul têm apontado indícios de corrupção e irregularidades em negócios ligados às federações de futebol.

Com base nessas informações, os representantes desses órgãos investigadores de seis países se reuniram na última segunda-feira (15) no Equador para estabelecer diretrizes de um trabalho conjunto de investigação.

Além do Brasil, estiveram presentes procuradores da Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Paraguai. Todos apontaram indícios de fraudes em negócios ligados ao futebol em seus países e acordaram em fazer o intercâmbio de informações provenientes das investigações locais.

A Folha apurou que outros dois países, Chile e Uruguai, também conduzem investigações a respeito e devem aderir ao grupo. Não há ainda detalhes sobre quais são as entidades investigadas.

O Brasil, por exemplo, já recebeu pedidos de cooperação internacional dos países vizinhos relacionados ao assunto, e a PGR (Procuradoria Geral da República) definiu como prioritária a resposta a esses pedidos.

As investigações têm ligação com a descoberta, pelos Estados Unidos, de suspeitas de corrupção na Fifa e entidades do futebol. Por isso, outra consequência da reunião foi o envio de um ofício aos Estados Unidos pedindo cópia da investigação.

Em decorrência dessa investigação norte-americana, o ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros dirigentes da Fifa chegaram a ser presos na Suíça, em maio do ano passado.

A PGR havia tentado obter esses documentos dos Estados Unidos no ano passado, mas não obteve êxito. O novo pedido tenta desta vez convencer as autoridades norte-americanas a colaborarem com as investigações da América do Sul.

O ofício pede que o Departamento de Justiça dos EUA diga quais informações possui relacionadas às investigações de cada país.

O foco das investigações nos países da América do Sul é a corrupção na venda de direitos de imagem pelas federações de futebol, em casos suspeitos de pagamentos de propina.

Um dos casos mais adiantados é o da Bolívia, que já resultou na condenação a três anos de prisão, no fim do ano passado, do ex-secretário geral da Federação Boliviana de Futebol Pedro Zambrano, por organização criminosa e lavagem de dinheiro.

No Brasil, um inquérito da Polícia Federal apura se o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Ricardo Teixeira tem envolvimento com corrupção. Teixeira nega relação com irregularidades.


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