Folha de S. Paulo


COB abandona meta na Rio-2016, mas crê que Brasil estará no Top 10

Fabio Teixeira / Folhapresss
Jorge Bichara, dirigente de performance esportiva do COB e articulador da preparação para a Rio-16
Jorge Bichara, dirigente de performance esportiva do COB e articulador da preparação para a Rio-16

Em 2010, o Brasil estabeleceu como meta ficar entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas nos Jogos do Rio, por número de pódios. Dois anos mais tarde, antes mesmo do início da Olimpíada de Londres, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) dava números à meta: entre 27 e 30 medalhas em 2016.

A pouco mais de sete meses dos Jogos, a aposta não é mais nos números exatos. Mas a meta permanece a mesma. Quem explica a atual situação é o gerente geral de performance esportiva do COB, Jorge Bichara, 46.

"Se conseguirmos conquistar esta meta em um quantitativo menor, continuamos dentro da meta. Isso aqui não é um jogo da Mega-Sena, que se eu não acertar o 27 ou o 28 eu não ganho o prêmio", afirma em entrevista à Folha.

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Folha - Este ano pré-olímpico mudou algo em relação às projeções do Brasil, em termos de medalhas e adversários?

Jorge Bichara - Todos os anos de um ciclo olímpico são importantes. Não nos entusiasmamos demais quando as coisas são muito positivas e nem nos decepcionamos demais. Entendemos que foi um ciclo positivo. No cenário dos adversários, a disputa está bem acirrada. A Holanda teve um excelente ano. A França teve evolução fantástica. E outros nós estamos monitorando: Coreia do Sul, Ucrânia, Itália, Canadá, Hungria, Cuba, Nova Zelândia e Polônia. Todos no patamar em que estamos brigando.

A briga do Brasil fica em qual região do quadro, pelo top 10?

Eu calculo oito países bem à frente: China, EUA, Rússia, Grã-Bretanha, Japão, França, Alemanha e Austrália. Estão em um patamar. E depois vêm outros [descritos acima] que disputam essas posições.

O COB mantém a meta de 27 a 30 medalhas após um 2015 em que o Brasil teve falhas com alguns esportes e atletas chave?

O objetivo que estabelecemos [em 2010] foi buscar a melhor classificação pelo total de medalhas, com uma colocação entre os dez primeiros países. Naquele momento, a avaliação que fizemos incluía um quantitativo de medalhas [em fevereiro de 2012, o COB cravou o número em 30 medalhas]. Se chegarmos à meta com quantitativo menor [de medalhas], porque houve maior distribuição, continuamos dentro do estabelecido. Não é um jogo da Mega-Sena, em que se eu não acertar o 27 ou o 28 eu não ganho o prêmio. A meta é classificar o Brasil entre os dez primeiros no quadro pelo total de medalhas. Isso, para nós, continua possível.

Mesmo após o 2015 ruim?

Tivemos um ano difícil, devido aos problemas físicos com atletas. Mas agora estou satisfeito por como terminamos em relação à quantidade de lesionados. Diminuímos sensivelmente este número e isso impacta no ano que vem. Entramos agora no último período de preparação, que vai de dezembro a março, e é fundamental. Não podemos errar ou ter problemas, ou seja, ter situação que não consiga recuperar. Estou confiante de que vamos nos apresentar muito bem nos Jogos do Rio.

Dos 17 dias dos Jogos, qual é o mais decisivo para o país?

Temos uma avaliação interna sobre o potencial de conquista dia a dia. Nesses quadros identificamos tendências de conquistas de medalha. Difícil falar que vamos mensurar um dia único de avaliação. Em Londres-2012, criaram expectativa de ouro muito grande em relação ao ciclista Mark Cavendish, e a medalha dele não veio no primeiro dia. Surpreendentemente, veio do remo.

Quão importante é ir ao pódio logo no primeiro dia?

São 17 dias. Todos importantes. Não vai ser uma medalha conquistada ou não em um dia que vai mudar todo o trabalho. O que esperamos é demonstrar que a preparação foi bem feita e que conseguimos mobilizar as pessoas para torcerem pelo Brasil e fazer com que essa pressão de que todos falam se torne um impulso positivo para a equipe.

Na projeção do COB, haverá um dia potencialmente com muitas medalhas e outro sem?

Há dias em que não virão medalhas. Vai acontecer. E há dias em que trabalhamos com surpresas que podem acontecer. Hoje temos um quadro, mas eu não vou abri-lo porque implica criar uma pressão desnecessária.

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RAIO-X
JORGE BICHARA

NASCIMENTO - 13.mai.1969 (46 anos), no Rio de Janeiro. Formado em Educação Física, tem pós-graduação em Administração Esportiva pela FGV

NA GESTÃO ESPORTIVA - Está no Comitê Olímpico do Brasil desde 2005 e atualmente é gerente geral de performance esportiva. Na entidade, passou pelas áreas de alto rendimento e eventos


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