Folha de S. Paulo


Morre Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo por quatro mandatos

Juvenal Juvêncio, que acumulou cinco títulos como presidente do São Paulo Futebol Clube no final dos anos 80 e entre 2006 e 2014, morreu nesta quarta-feira (9), no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Ele fazia tratamento contra um câncer de próstata e estava internado no hospital desde segunda (7).

Juvenal não revelava a sua idade. Indagado sobre o tema, não confirmava em que ano nascera. Segundo o site oficial do São Paulo, o ex-presidente tinha 81 anos.

O corpo chegou ao estádio do Morumbi pouco depois das 15h. O velório está sendo realizado no salão nobre do clube e vai até a manhã desta quinta (10), quando acontecerá o enterro, no Cemitério do Morumbi, às 10h.

A família optou por velar o corpo do cartola de forma reservada, sem a presença da imprensa. Dirigentes e jogadores, além de parentes, são esperados no estádio.

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Nascido em Santa Rosa do Viterbo (SP), Juvenal Juvêncio foi advogado, investigador de polícia e deputado estadual nos anos 60. Ainda na política, presidiu a antiga Cecap (atual CDHU) entre 1971 e 1975, na gestão de Laudo Natel como governador.

Lançado por Carlos Miguel Aidar nos anos 1980, Juvêncio era diretor de futebol no título brasileiro de 1986. Chegou à presidência do São Paulo pela primeira vez em 1988 e, em seus dois anos no cargo pela primeira vez, conquistou o Campeonato Paulista de 1989.

Ele voltaria a comandar o clube entre 2006 e 2014, quando acumularia mais quatro títulos: três do Campeonato Brasileiro —o que tornou o time tricolor o primeiro hexacampeão do torneio— e uma Copa Sul-Americana, em 2012.

Com três mandatos consecutivos à frente do São Paulo, foi acusado de golpista pelos adversários políticos por ter modificado o estatuto da entidade para se reeleger pela segunda vez, em 2011.

Mas foi como vice-presidente de futebol, de 2004 a 2006, na gestão de Marcelo Portugal Gouvêa, que o cartola participou das conquistas mais importantes do clube nos últimos anos. Levantou a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes em 2005.

Juvenal foi o idealizador do CT de Cotia (Centro de Formação de Atletas Presidente Laudo Natel), local onde treina as categorias de base do clube.

No ano passado, Juvenal apoiou Aidar para a presidência do clube e posteriormente foi nomeado diretor das categorias de base. O dirigente, porém, durou apenas cinco meses no cargo.

No final de 2014, Juvenal afirmou ao Painel FC que já tinha iniciado o trabalho para retomar o comando do clube com o seu grupo político.

"Preciso resgatar o São Paulo da besteira que fiz", disse o ex-presidente, sobre ter apoiado a eleição de Aidar. "A gestão dele vai ser catastrófica. O Carlos Miguel vai me dar subsídios para tirá-lo de lá. Ele mesmo vai se crucificar", declarou em dezembro passado.

Dez meses depois, Aidar renunciou ao cargo e foi substituído por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Em um ano e meio de mandato, o ex-mandatário tricolor esteve envolvido em uma série de denúncias e escândalos.

Veja entrevista de Juvenal Juvêncio à Folha em abril de 2014

POLÊMICAS

Além de títulos, Juvenal Juvêncio colecionou polêmicas no São Paulo. Ele foi um dos principais defensores da realização da Copa do Mundo de 2014 no Morumbi, que acabou preterido pelo Itaquerão.

Em entrevista à Folha na sua despedida do cargo, em abril de 2014, o então presidente disse que não ter sido escolhido como sede do torneio foi uma vitória enorme do São Paulo.

Na mesma ocasião, sobre a substituição de José Maria Marin por Marco Polo Del Nero na presidência da CBF, ele afirmou não acreditar em mudanças. "Eles são iguais, pensam iguais", afirmou.

Juvenal se envolveu em polêmicas com adversários por assuntos dentro e fora de campo. Em 2012, quando o ex-presidente corintiano Andrés Sanchez era diretor de seleções da CBF, o dirigente são-paulino o chamou de analfabeto.

Um ano depois, após a equipe tricolor ter sido eliminada da Libertadores pelo Atlético-MG jogando no Independência, Juvenal disse que o estádio onde o time mineiro manda seus jogos era uma arapuca e não tinha segurança.

DESPEDIDA DE CENI

Aliado de Juvenal Juvêncio durante toda a sua gestão como presidente, João Paulo de Jesus Lopes, que ocupou vários cargos na diretoria do São Paulo, afirmou que a festa de despedida de Rogério Ceni, nesta sexta (11), não será completa.

"Ceni e Juvenal tinham ótima relação. Conversavam muito sobre futebol, também coisas fora disso. A festa do Rogério, que é de extrema alegria para gente, terá esse senão, da ausência do Juvenal. Por outro lado, tenho certeza que a festa estará muito forte de espiritualidade", afirmou.

Principais títulos de Juvenal Juvêncio - Dirigente foi o 2º presidente mais vencedor da história do clube


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