Folha de S. Paulo


FBI investiga Teixeira, Havelange e Blatter em escândalo de transmissão

O FBI examina documentos que demonstrariam que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, tinha conhecimento das práticas de corrupção na entidade que comanda o futebol mundial em um escândalo dos anos 1990, segundo uma investigação da BBC.

De acordo com a emissora britânica, a justiça americana tem em sua posse uma carta escrita pelo antecessor de Blatter, João Havelange, na qual o brasileiro escreve que Blatter tinha "completo conhecimento de todas as atividades", a respeito dos pagamentos da empresa ISL, e "sempre foi informado" de tais pagamentos.

A justiça dos Estados Unidos investiga o escândalo a respeito da ISL, uma empresa de marketing esportivo suspeita de ter pago 92 milhões de euros em subornos para obter direitos de transmissão de várias competições nos anos 1990. A BBC também informa que Havelange e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira teriam recebido subornos.

Em julho do ano passado, foi divulgado que Havelange e Ricardo Teixeira receberam R$ 45 milhões em subornos.

Blatter, que foi o braço direito de Havelange até suceder o brasileiro no comando da Fifa em 1998, alega que nunca teve conhecimento das práticas corruptas.

O presidente demissionário da Fifa enfrenta na Suíça um caso penal por "suspeitas de gestão desleal e abuso de confiança". Também está sendo um investigado um pagamento de dois milhões de francos suíços que Blatter fez a Michel Platini, presidente da Uefa. Os dois estão suspensos por 90 dias.

A BBC informou que tentou entrevistar Blatter, mas o dirigente se recusou, de acordo com a emissora britânica.

TEIXEIRA

Na última quinta-feira (3), Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, foi indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusado de corrupção.

Segundo a investigação norte-americana, Teixeira e Marco Polo Del Nero são acusados de estarem envolvidos em esquemas criminosos envolvendo mais de US$ 200 milhões (R$ 750 milhões) em subornos e propinas.

BLATTER

Blatter está suspenso por 90 dias desde o início de outubro em razão da abertura de uma investigação criminal contra Blatter por parte do Ministério Público da Suíça por supostas irregularidades num contrato de direitos de transmissão na América Central e em um pagamento de 2 milhões de francos (R$ 8,3 milhões) a Michel Platini, que também foi afastado.

HAVELANGE

Havelange, 99, que esteve internado no final do mês passado em razão de de problemas pulmonares, já presidiu a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF) entre 1956 a 1974, período em que a seleção brasileira conquistou seus três primeiros títulos mundiais.

No mesmo ano, assumiu a presidência da Fifa. Permaneceu no cargo por 24 anos e só saiu em 1998 para, então, se tornar presidente de honra da entidade.

Em 2013, o Comitê de Ética da Fifa apontou que Havelange, Ricardo Teixeira, seu ex-genro, e o paraguaio Nicolás Leoz receberam propinas da ISL, antiga agência de marketing da federação.


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