Folha de S. Paulo


'Se gritar pega ladrão, não fica um', canta Prass sobre mudanças na CBF

Protagonista de uma das mais emocionantes conquistas da história do Palmeiras na quarta-feira (2), quando o time foi campeão da Copa do Brasil, o goleiro Fernando Prass, insiste em se distinguir da média dos atletas profissionais.

Membro do Bom Senso F.C., movimento de jogadores pela mudança no futebol nacional, o goleiro aproveita o momento de destaque e descarta o clichê de colocar "We Are The Champions" ou algo do tipo como trilha sonora do momento.

"Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão' é a música de hoje", diz Prass à Folha, batucando na mesa o samba eternizado na voz de Bezerra da Silva (1927-2005), fazendo referência às investigações em torno de cartolas brasileiros e a licença de Marco Polo Del Nero do comando da CBF nesta quinta-feira (3).

"Vejo tudo isso de forma positiva. As pessoas dizem que nos diários de [Charles] Darwin, ele comentava que o Brasil era um paraíso, mas também tinha muita corrupção e burocracia. Para tudo, precisa-se de uma mãozinha. Então, aqui sempre foi assim. Mas parece que pela primeira vez as coisas estão vindo à tona e as pessoas estão sendo punidas. Não sei como acabará tudo isso, Lava Jato, mas já tem um efeito, porque ninguém imaginava diretores de grandes empresas e políticos conhecidos sendo presos. Aqueles que gostam de fazer as coisas por baixo dos panos estão com as orelhas em pé", comenta o bem articulado goleiro.

Consagrado como ídolo do Palmeiras, aos 37 anos, ele ainda se reserva o sonho de servir a seleção de seu país.

"Parece que o Dunga gosta da escola gaúcha. Tem o Cássio, que veio do Grêmio, agora tem o Alisson, do Inter", diz ele, nascido em Porto Alegre e formado nas categorias de base do Grêmio.

"Nunca vou deixar de sonhar com a seleção brasileira, nem quando estiver com 42 anos, no fim da carreira. Mas temos que ser realistas: nunca fui convocado, e agora com 37 anos fica mais difícil ainda. No entanto, eu sempre falo: se o Zé Roberto, com 41 anos, for o melhor lateral brasileiro em atividade, tem que ser chamado. Tem que se levar em conta o momento", argumenta, tentando cavar um espaço no selecionado nacional.

Sobre a conquista da Copa do Brasil, ele disse em coletiva de imprensa que estava obcecado em ficar com o título -decidido em cobrança de pênalti que saiu de seus pés.

"Já disputei outras finais, fui campeão da Copa do Brasil pelo Vasco também. Não comentava isso com ninguém, mas internamente me sentia muito mais obcecado, desesperado por esse título", afirmou.

"Cheguei aqui na Série B, joguei uma Libertadores em outra condição, bem diferente de como será o ano que vem. Tive a dificuldade do ano passado, a briga contra o rebaixamento. Pegamos Cruzeiro, Fluminense, Inter e Santos. Passamos por quatro adversários muito difíceis. O que mais contribuiu para essa obsessão minha foi tudo que passei aqui", concluiu.


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