Folha de S. Paulo


Arena e seu entorno viram 'caldeirão verde' em título da Copa do Brasil

Aos 41 minutos do segundo tempo, um silêncio tomou conta do estádio do Palmeiras. O gol de Ricardo Oliveira esfriava o caldeirão que o estádio se transformara minutos antes, quando Dudu fez os 2 a 0, resultado que daria os pênaltis aos palmeirenses.

O silêncio era o contraste do apoio dado ao time desde o início, apesar da temporada atribulada da equipe.

A nova arena estava cheia como nunca. Eram 39.660 pessoas, novo recorde de público, batendo os mais de 39.400 de outro Palmeiras e Santos, na final do Paulista.

E os mais de R$ 5 milhões de renda também entraram para a história, superando os R$ 4,9 milhões da inauguração do estádio, em novembro de 2014, contra o Sport.

Antes do jogo, dois mosaicos foram criados por uma das organizadas. Em um aparecia o nome de um ex-presidente do grupo; no outro, o de Fernando Prass, o ídolo do momento do time, de novo um goleiro, como Marcos.

Antes dos pênaltis, surpresa quando foi anunciado no telão que Prass bateria o último. Antes já soubessem que ele decidiria a partida.

"Festa no chiqueiro" foi o lema após o título.

FORA DA ARENA

Se dentro, o estádio parecia um caldeirão, fora não era diferente. Segundo a Polícia Militar, cerca de 4.000 pessoas estavam nos arredores.

Com a camisa do Palmeiras, Rafael Diego Lopes, 26, não parava de caminhar pela rua Palestra Itália. De um lado para o outro, sozinho, sofreu. Mas também comemorou. Mesmo sem ver nenhum gol. Ele ouviu, por meio dos gritos palmeirenses.

Ele e milhares de torcedores passaram pela mesma agonia. Sem ingresso, ficaram fora do estádio. Lopes percorreu cerca de 228 km de carro para sentir o Palmeiras ser campeão. Veio de Porto Ferreira com um amigo sócio-torcedor e obteve ingresso.

"Só de estar aqui com outros palmeirenses já vale. Não vi nenhum lance do jogo. Estou nervoso demais. Quiseram me vender um ingresso por R$ 280. Mas é muito caro, prefiro ficar aqui sozinho. Se eu voltar para Porto Ferreira campeão já valeu."

Dos milhares de torcedores que se aglomeraram nas ruas ao redor do estádio, apenas uma parte viu o jogo pelas TVs dos bares ou via celular. O restante sentiu.

"É muito sofrimento. Ouvimos o jogo pelo rádio da lanchonete. É campeão. Tricampeão!", disse Bruno Salgado, 28, administrador de empresas, que veio de São Vicente e ficou fora da arena com outros cinco amigos.

Virou Réveillon verde na rua Palestra Itália, a antiga Turiassu, em frente ao estádio palmeirense.

Os torcedores aproveitam para tirar sarro de todos os rivais. A maioria dos gritos era contra o Santos ("lugar de peixe é dentro do aquário").

Mas também sobrou para o São Paulo, "único sem título em 2015". E até para o Corinthians, que os palmeirenses já projetam derrotar na Libertadores.
 
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