Folha de S. Paulo


Salário pesou para saída de técnico ucraniano Oleg Ostapenko

Theo Marques-03.mai.2013/Folhapress
O treinador ucraniano Oleg Ostapenko orienta a ginasta Raquel Fernandes no Centro de Excelência de Ginástica, em Curitiba (PR)
O ucraniano Oleg Ostapenko orienta a ginasta Raquel Fernandes no centro de excelência em Curitiba

O gerente-geral de performance do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Jorge Bichara, afirmou que a entidade "não vai mais fazer nenhuma insistência" para que o treinador ucraniano Oleg Ostapenko permaneça no país.

Com isso, a saída do técnico –informação divulgada pelo site do jornal "O Globo"–, que orientou as principais ginastas brasileiras entre 2002 e 2008 e 2011 e 2015, é praticamente irreversível.

Bichara contou que teve reuniões com Ostapenko antes e depois do Mundial de Glasgow, na Escócia, em outubro. "A questão pessoal foi o que mais imperou", disse o dirigente, sem explicar exatamente a que se referia.

Apesar disso, a parte financeira pesou. Ostapenko recebia US$ 10 mil (R$ 38,3 mil) por mês para ser coordenador do Cegin (Centro de Treinamento de Ginástica), em Curitiba, onde trabalhava desde 2011, em sua segunda passagem pelo Brasil.

O problema foi que, com a alta do dólar, a Cegin –uma ONG ligada à Federação Paranaense de Ginástica– não conseguiu mais bancá-lo.

Segundo Vicélia Florenzano, presidente da federação, com a queda na captação de recursos de Lei de Incentivo ao Esporte em 2015, ficou insustentável manter o técnico.

"Ou mantinha o projeto [na Cegin] ou mantinha o Oleg. É óbvio que eu tive de optar pelo projeto", disse a dirigente, que também chefiou a confederação brasileira.

Em junho, ela fez a opção por demiti-lo, mas faltaram recursos até mesmo para saldar os encargos com o ucraniano. "Nesse período, liguei para o COB, que se prontificou a fazer alguma coisa. Mas demorou tempo para sair."

Vicélia relatou que, nessa fase, Ostapenko ficou dois meses sem ser remunerado e "nunca reclamou de nada".

"O COB absorveu três ou quatro meses de salários dele, até que no final de semana passado ele avisou que iria embora", afirmou Vicélia.

No meio tempo, ele integrou a comissão técnica da seleção brasileira de ginástica no Pan de Toronto, no Canadá, no mês de julho.

Ostapenko e a mulher, Nadia, já têm a viagem de volta para a Ucrânia marcada para sábado. Ele tem na mesa uma proposta para comandar a seleção de Belarus, mas, segundo a responsável pelo Cegin, Eliane Martins, ainda tinha esperança de ficar no Brasil.

Sem um acerto com COB, porém, a manutenção dele é inviável. Vicélia afirmou que Ostapenko não concederia entrevistas nesta quarta (2).

O ucraniano foi o responsável por conduzir uma talentosa geração feminina que, na década passada, teve como seus expoentes Daiane dos Santos e Daniele Hypolito —as primeiras do país a irem ao pódio em Mundiais.

Para Bichara, a saída dele abre espaço para valorização de técnicos do país. "Temos uma nova projeção que é a valorização dos treinadores brasileiros. Sentimos que o treinador brasileiro está mais preparado."


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