Folha de S. Paulo


Júri Folha aponta Renato Augusto como o maior destaque do Brasileiro

A resposta de Renato Augusto era sempre negativa, quando o fisioterapeuta do Corinthians Bruno Mazziotti lhe pedia para correr forte em direção a uma bola saindo pela linha de fundo: "Não vou! Vai estourar!"

Mazziotti insistiu até que Renato, 27, começou a tentar. Com o passar dos jogos, o medo da dor desapareceu.

Além dos músculos, o problema estava na cabeça do atleta: "Eu não acreditava mais que fosse jogar em alto nível", disse o camisa 8 do Corinthians, time campeão do torneio com três rodadas de antecedência.

Escolhido como o melhor jogador deste Brasileiro em uma enquete promovida pela Folha, com participação de 35 ex-jogadores e jornalistas, o meia carioca conviveu com lesões seguidas, por causa do desequilíbrio muscular entre suas duas pernas.

O melhor do Brasileiro - Número de votos

Em 2013, ano em que chegou ao Corinthians, ele disputou 31 partidas. Neste ano, restando duas rodadas para o fim do campeonato, já foram 52 jogos.

Do ponto de vista estatístico, ninguém foi melhor do que Jadson, 32, vice-artilheiro do campeonato com 13 gols e líder de assistências, também com 13. Também meia do Corinthians, ele ficou em segundo lugar na enquete.

Terceiro colocado no levantamento feito pela reportagem, o meia santista Lucas Lima, 25, encanta pelos dribles em alta velocidade.

A vantagem de Renato Augusto é o sentido de organização. "Ele tem uma leitura do jogo impressionante", elogia o técnico Tite.

Quando a marcação aperta no ataque, ele inverte a posição com Elias e inicia as jogadas como volante.

Quando há dificuldade na faixa central, Renato desloca-se para fazer os passes pelo lado do campo.

"Ele tem muita técnica, recompõe na marcação e está sempre presente quando o time está atacando", comentou o ex-jogador palmeirense Galeano ao justificar sua escolha de Renato Augusto.

O meia participou de um a cada quatro gols, dos 70 marcados pelo Corinthians no Brasileiro. São cinco gols e cinco passes, mais 11 jogadas que começaram com ele.

JADSON x Renato Augusto - Desempenho dos meio-campistas no Brasileirão

ZICO?

No início da carreira, no Flamengo, ele não gostava quando ouvia alguém esboçar comparação com Zico. Era uma armadilha.

O elogio por ser esperança no clube da Gávea tornava-se crítica nas horas ruins. Diziam que ele não chutava bem. Que não tinha como ser herdeiro de Zico.

Renato nunca disse que tinha...

Sua afirmação foi o gol contra o Botafogo, na final do Campeonato Carioca de 2007.

Renato Augusto empatou o jogo em 2 a 2 com um golaço de fora da área e o Flamengo foi campeão nos pênaltis. No ano seguinte, o meia foi negociado com o Bayer Leverkusen, da Alemanha.

Não pensava em voltar à Europa até bem pouco tempo atrás: "Uma das razões de vir ao Brasil foi achar que não jogaria mais naquele nível."

Seu agente, Carlos Leite, agora estuda propostas ao mesmo tempo em que negocia a prorrogação do contrato com o Corinthians, com término em 2017.

Antes de ir, queria um título, um lugar na história. "No Flamengo, não tenho isso, não." Ele pensa assim, mas foi campeão da Copa do Brasil no time carioca.

Ser campeão e eleito o melhor jogador do Brasileiro 2015 resolveu esse problema para Renato Augusto.

Colaboraram PAULO ROBERTO CONDE, CAMILA MATTOSO e ADRIANO MANEO, de São Paulo


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