Folha de S. Paulo


Palmeirenses assistem à final no cinema e soltam gritos de 'é campeão'

Juliana Ramos/Divulgação
Palmeirenses assistem à final no cinema
Palmeirenses assistem à final no cinema

Uma mistura de sofá com arquibancada. Esta é a melhor definição para a sensação de se assistir a uma final de campeonato -no caso, a Copa do Brasil– em uma sala de cinema.

Jogos da Copa do Mundo, da Liga dos Campeões da Europa e de futebol americano já haviam sido exibidos comercialmente no país em salas de cinema. Mas, partidas de times nacionais, ainda mais decisivas, nunca haviam sido mostradas deste modo por aqui.

Aproximadamente 200 pessoas participaram da primeira experiência do tipo em uma sala do Shopping Bourbon Pompeia, na zona oeste da capital paulista, na primeira partida decisiva entre Palmeiras e Santos, vencida pelo clube alvinegro, por 1 a 0, nesta quarta (25).

No cinema localizado no número 500 da recém-batizada Rua Palestra Itália, no empreendimento vizinho à sede social do Palmeiras, o público foi inteiramente favorável ao time alviverde.

A sala era estádio quando os torcedores cantavam o hino do clube e entoavam cânticos de torcidas organizadas.

Mas era sala de TV quando os palmeirenses discutiam com o locutor Cléber Machado e os comentaristas Caio e Casagrande da Rede Globo, canal escolhido para a exibição. Ou esperavam pelo replay para xingar ou concordar com o árbitro, num comportamento típico de telespectadores.

O primeiro aplauso da noite, por exemplo, veio com o fim da exibição da novela "A regra do jogo", da Globo.

A Futebol Tour, organizadora do evento, colocou 70 ingressos à venda. O valor, mesmo com direito a acompanhante, era alto: R$ 400. Havia ainda a opção da meia-entrada. Sócios-torcedores do programa Avanti, maioria na sala, pagaram R$ 125.

"É um evento-teste pensando na Libertadores do ano que vem. Por isso, há tantos convidados", disse, esperançoso por uma vitória palmeirense, Bruno Paste, diretor da Futebol Tour.

No pacote estava incluído um buffet requintado, com ceviche, espetinho de presunto cru e batata assada, caldinho de mandioquinha com carne seca, entre outras opções. E, claro, a cerveja -outra vantagem em relação aos estádios paulistas, onde não é possível ingerir bebidas alcoólicas.

Cerca de 130 ingressos foram distribuídos entre jornalistas, ex-jogadores e celebridades palmeirenses.

Nesta lista estavam o apresentador do SBT, Otávio Mesquita, o cantor Wilson Simoninha, o técnico da seleção brasileira de tênis de mesa Hugo Hoyama e os ex-jogadores do Palmeiras Amaral e Evair, festejados intensamente pelos espectadores.

O volante Gabriel, que recupera-se de lesão, era esperado. Na última hora, porém, avisou que iria assistir ao jogo com seu empresário.

Evair, fã de comédias, disse, antes do apito inicial, que esperava que o jogo não se transformasse em um drama.

"Acredito que o Fernando Prass vai ser o grande nome da primeira final. Na partida de volta, espero que um atacante, talvez o Gabriel Jesus, possa ser o destaque", disse o ex-camisa 9 palmeirense.

Amaral, que trouxe como acompanhante a ex-nadadora Rebeca Gusmão, sua companheira no reality show "A Fazenda", da Record, disse que nem se lembrava de quando havia assistido a um filme na sala escura pela última vez.

"Não sei bem se foi um filme de ação ou um filme bíblico", disse.

Quanto ao jogo da noite de quarta, Amaral lamentou que o Palmeiras não tivesse em campo o time de 1996, do qual ele faz parte.

"Aquele time era bom demais. Eu, como volante, nem precisava passar do meio de campo. Era só roubar a bola e passar para o Djalminha e o Rivaldo tocarem para o Muller e o Luizão", relembrou-se, com saudade.

Vale dizer, no entanto, que aquele time acabou sendo derrotado pelo Cruzeiro na final da Copa do Brasil daquele ano, após falhas do goleiro Velloso e do próprio Amaral, na derrota por 2 a 1, no antigo Parque Antárctica.

Ao fim do jogo, apesar da derrota, os cerca de 200 palmeirenses deixaram o cinema esperançosos.

Com o gol perdido por Nilson, no último lance do jogo, o cinema terminou a sessão/partida sob gritos de "é campeão".

Uma vitória por dois gols de diferença no jogo de volta, em São Paulo, dá o título ao Palmeiras. O empate dá o título ao Santos.

"Eles perderam o campeonato nessa bola", afirmava eufórico o blogueiro palmeirense Raul Bianchi.

O fim da saga virá na próxima quarta-feira, no estádio do Palmeiras.


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