Folha de S. Paulo


Euforia por título do Corinthians toma quadra da Gaviões e Vila Madalena

Parecia que a festa não sairia como planejado.

Na quadra da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, um eventual título brasileiro conquistado graças à vitória do São Paulo sobre o Atlético-MG causava certa incômodo.

Havia aqueles que comemoravam, mas uma outra ala condenava a celebração dos gols do rival. "Comemorar gol do São Paulo, você é louco? Eu comemoro gol do meu time. Aqui é Corinthians", dizia Felipe Ferreira, 20.

Antes da partida, torcedores diziam que conquistar a taça com uma "ajudinha" do arquirrival não seria mesma coisa, mas que não importava; o importante era o título.

Lays Cristina Souza, 28, iria a São Januário se não houvesse o veto a mulheres e crianças, definido pela própria Gaviões. Ela admitiu que ganhar o troféu com algum resultado alheio faria "perder um pouco da graça", mas disse que a festa seguiria até o final. "Perdendo ou ganhando, é Corinthians", disse.

O estudante Gabriel Wendel, 17, fazia coro: "fica mais sem graça, mas não importa; é campeão de qualquer jeito."

Quando todos na quadra já se acostumavam com a ideia da conquista com revés, já que o Vasco vencia por 1 a 0, Vagner Love empatou.

A igualdade ajudou a melhorar o clima. O que se viu após a confirmação da vitória são-paulina –e o consequente título– mostrou que o que realmente valia para o torcedor corintiano era o título. "Agora, a comemoração vai durar a noite toda", disse Caique Santos, 22.

Sinalizadores acesos, fumaça dando o clima e o grito de campeão, que finalmente desentalou a garganta da torcida organizada, deram início aos festejos que prometiam durar a noite inteira.

FESTA NA VILA

Ponto de encontro em jogos do alvinegro, a Vila Madalena não estava cheia quando as equipes entraram em campo. A forte chuva na zona oeste antes do jogo também contribuiu para o pouco público em um dos bares.

Os torcedores tentavam se proteger da água se espremendo em uma compactação que deixaria orgulhoso o técnico Tite –a principal característica do Corinthians ao longo do Nacional foi a coesão. Conforme a chuva ia parando, as ruas do bairro ficavam cada vez mais cheias.

De mulheres em uma despedida de solteiro a Fátima Neves, 71, que se apoiava em uma bengala, a torcida começou a ganhar força. "Vai ser gol do Pato, que vai voltar para o Corinthians", disse o vendedor Leonardo Aquino, 23.

O atacante, porém, foi substituído sem marcar no Morumbi. Mas o 4 a 2 do São Paulo já garantia o hexacampeonato corintiano, mesmo após o Vasco ter aberto o placar no Rio de Janeiro.

Bastou Vagner Love fazer o gol de empate, aos 38 min do segundo tempo, para que a comemoração ganhasse as ruas do boêmio bairro.


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