Folha de S. Paulo


Zé Roberto pede fim de ranking; Bernardinho propõe zerar mais fracas

Sergio Moraes/Reuters
Zé Roberto e Fernanda Garay riem durante treino da seleção em Saquarema, em 2012
Zé Roberto e Fernanda Garay riem durante treino da seleção em Saquarema, em 2012

A Superliga deste ano começou neste sábado (7) em meio a críticas a respeito do ranking que limita a participação de atletas nos times por meio da atribuição de pontos.

A polêmica voltou à tona porque Elisângela, que vale um ponto na lista que vai até sete, não conseguiu se encaixar no Osasco, que chegou no limite de 43 pontos, e ainda está sem clube para jogar.

Depois foi a vez de Fê Garay esbarrar no ranking na tentativa de voltar ao Brasil, pois cada time pode ter no máximo duas jogadoras que valem sete pontos (como ela, normalmente as da seleção) e os principais clubes do país já não podem contratá-la.

"O ranking interfere no sentido de não me dar escolha. Hoje, fico de mãos atadas. Claro que já estamos às vésperas da Superliga e os times estão com seu orçamento comprometido, mas aqueles que ainda tem espaço no orçamento esbarram no problema do ranking", explica Garay à Folha.

Os dois técnicos da seleção brasileira são a favor de mudanças. Para Bernardinho, o ranking criado em 1992 precisa evoluir e deixar de pontuar atletas que estão na base da pirâmide. Zé Roberto é mais radical: defende o fim da classificação de atletas.

"Fui o único técnico contra o ranking, desde que estava na Amil [time que dirigiu até 2014]. Sou a favor de acabar. Hoje ele não tem valia. A CBV também quer o fim. Está nas mãos dos dirigentes dos clubes, eles precisam repensar suas posições", diz Zé Roberto.

Segundo o técnico da seleção feminina, além de afastar jogadoras do país, o ranking pode causar desemprego na atual situação econômica do Brasil.

Bernardinho concorda que, no atual formato, o ranking não funciona como deveria: equilibrando as forças na Superliga. E disse que já propôs uma mudança.

"Nós, do Rexona-Ades, já votamos para que jogadoras que possuem um nível técnico menor, com um ponto, dois pontos, não sejam pontuadas, porque são essas jogadoras que ficam sem lugar. São elas que possuem menos influência no resultado final e, portanto, poderiam ser zeradas. Mas não um término do ranking", afirma.

O treinador da seleção masculina e da equipe feminina do Rio diz que, se Elisângela, por exemplo, não tem proposta de outro time, deveria permanecer no Osasco.

Em relação à Garay, não vê problema dela querer voltar ao país porque houve um problema financeiro com seu time na Rússia, mas precisa entender o mercado.

"Eu sou apenas um favorável à manutenção do ranking, porém, sempre em evolução. Se isso está gerando algum tipo de desemprego, vamos debater. Mas e todas as outras que não tinham espaço? Porque ninguém se preocupou com elas? Nós nos preocupamos. Temos que pensar em todas as jogadoras, nas principais e nas menores também", conclui Bernardinho.

Fernando Maia/MPIX
Bernardinho orienta jogadoras do time do Rio de Janeiro
Bernardinho orienta jogadoras do time do Rio de Janeiro

ATUAIS CAMPEÕES DEMORAM A JOGAR NA SUPERLIGA

A Superliga masculina de vôlei tem quatro jogos neste domingo (8). Às 18h, o Voleisul recebe o Juiz de Fora em Novo Hamburgo (RS). Depois, às 19h, o Montes Claros enfrenta o Taubaté, em casa.

Na segunda-feira (9), às 18h30, o Canoas recebe o Sesi, no Rio Grande do Sul (com transmissão do SporTV).

E, para encerrar a primeira rodada, apenas em 18 de novembro, às 20h, o Bento Vôlei joga em casa contra o atual bicampeão: o Cruzeiro.

Também nesta segunda começa a Superliga feminina, com o confronto entre Brasília e Valinhos, às 20h, no Sesi Taguatinga.

Na terça (10), o Osasco recebe o Rio do Sul no ginásio José Liberatti. Atual tricampeão, o Rio recebe Valinhos na sexta (13), no Tijuca.


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