Folha de S. Paulo


Jadson diz que Corinthians se deu melhor na troca entre ele e Pato

Um ano e meio depois, Jadson não tem dúvida: foi o Corinthians quem se deu melhor na troca que fez com o São Paulo, que ficou com Pato, desde fevereiro de 2014.

O meia, artilheiro da equipe, completa nesta tarde diante do Atlético-MG, em Belo Horizonte, o seu centésimo jogo com a camisa alvinegra. São 23 gols desde então (15 neste ano) e 36 assistências (22 na atual temporada).

O personagem de seu renascimento é Tite, que o fez permanecer no Parque São Jorge, diante de propostas como do Flamengo e da China.

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Folha - Se ganhar, o Corinthians supera o time campeão brasileiro de 2011 em vitórias. Esperava isso?
Jadson - A gente começou o ano muito bem, ficamos muito tempo ser perder, saímos invictos do Paulista. Acabamos saindo da Libertadores, mas eu tenho certeza que nosso time estava pelo menos entre os três melhores. Depois, ficou uma certa desconfiança do torcedor e da diretoria. Alguns jogadores saíram, como Sheik e Guerrero, e falavam que a gente não ia brigar por nada no Brasileiro. Estamos na briga pelo título. Conseguimos superar tudo.

Qual foi o pior momento?
Foi a eliminação na Libertadores, foi muito ruim sair diante do Guarani.

Você também ficou perto de sair, no começo do ano.
É, chegaram duas propostas, uma de um time brasileiro, outra de fora. Mas eu tive uma conversa com o Tite, ele disse que queria contar comigo, que eu tinha que correr atrás do meu espaço.

O que o Tite falou?
Disse que me queria para a temporada. Eu era uma peça que iria cair bem. Isso foi muito importante pra mim.

Você ouvia que te faltava regularidade. Isso foi determinante para a sua melhora?
Eu ouvi isso muitas vezes. Que eu tinha caído de rendimento no segundo semestre de 2014. Coloquei esse objetivo, de ter uma regularidade. E eu consegui.

Qual o segredo de Elias, Renato Augusto e Jadson?
O Elias e o Renato são jogadores de muita qualidade. Eles estão muito bem e mereciam a oportunidade que receberam de ir pra seleção. Acho que, além da qualidade técnica, o entrosamento ajudou bastante. Ao longo do tempo, a gente foi se conhecendo mais e já sabia o que o outro pensava, onde eles estavam em campo. Mas não somos só nós três, mas a equipe toda também.

Por que você acha que o Dunga ainda não te chamou?
Eu acho que há muitos jogadores de qualidade e ainda mais no meio de campo. Mas vou continuar trabalhando.

O que ainda quer na carreira?
Eu acho que eu quero ter meu nome na história do Corinthians e voltar à seleção brasileira.

Você já foi procurado pra renovar o contrato?
Meu contrato vai até agosto. Até agora não teve nada, mas tenho certeza que na hora certa eles vão falar comigo, se for interessante para eles, a gente vai chegar numa boa coisa para as duas partes. Estou tranquilo com isso.

Seu desejo é de ficar?
Com certeza. Tomara que minha passagem pelo Corinthians seja por muitos anos. É isso que eu quero.

Qual foi a decisão mais acertada da sua carreira: sair do São Paulo ou não ter ido para a China?
Acho que essas foram as duas decisões mais acertadas da minha vida. Acho que não ter aceitado a proposta da China foi muito importante porque me deu tudo isso. Eu fiquei balançado por alguns dias, é normal.

Esse time sem o Tite teria chance de ser campeão?
Eu não sei te responder isso. Não sei como seria com outro técnico. O que eu sei é que temos muitos jogadores de qualidade, mas acho que o que o Tite fez foi muito importante. Tudo o que ele apresentou, as ideias dele foram muito interessantes, e é por isso que estamos onde estamos hoje.

Qual a maior virtude dele?
Acho que a virtude dele que mais chama atenção é a transparência, a forma que ele trata com os jogadores. Ele é muito correto nas decisões. Quando tem um jogador que não está tão bem, ele não chega a queimar o cara, ele dá uma sequência de jogos. Se o cara não vai bem, ele conversa, ele explica por que não vai mais colocar ele. Isso chama muita atenção.

Você só vê isso no Tite?
Eu já tive vários treinadores, cada um tem um jeito de trabalhar. É difícil de comparar. Ele é um cara que chama muita a atenção. Outro que tem isso também é o Paulo Autuori, que é um cara muito legal também, muito correto. Eles são os que mais tem essa característica.

Quanto você se sente responsável por esse momento?
Cada um tem a sua importância. Eu fico feliz de poder ajudar, de estar em um bom momento. Mas no Corinthians de hoje não tem um jogador, é o conjunto. Só por isso que nós estamos aqui.

O Levir Culpi foi seu técnico em 2004. Conhecendo ele, o que dá para aproveitar no jogo contra o Atlético?
Eu trabalhei com ele, ele é sensacional, um cara do bem. Foram vários anos que a gente ficou longe um do outro. Ele cresceu bastante, mudou muito a forma dele. Vai passando os anos e a gente vai aprendendo com os erros. O que a gente tem que olhar é a forma do time jogar pra conseguir ganhar. Temos que surpreender e liquidar o campeonato em Minas.

Você estava bem no São Paulo quando o Ganso foi apresentado. O que isso representou pra você?
Acho que no futebol, em um clube considerado grande, a concorrência é grande. É normal chegarem jogadores de qualidade, saírem outros. O Ganso é um grande jogador. Na época, eu estava vivendo um bom momento, mas é normal.

Tem mágoa do São Paulo?
Não, nenhuma. O São Paulo abriu as portas para eu voltar ao Brasil. Mas toda passagem tem um ciclo. Lá terminou e abriu um novo no Corinthians. Estou muito feliz.

Um ano e meio depois, quem você acha que se deu melhor na troca, Corinthians ou São Paulo?
Eu acho que o Corinthians. Com certeza foi o Corinthians. É a minha opinião.

Qual foi o seu gol mais bonito desse ano?
Eu acho que foi contra o Internacional, de falta. A gente estava perdendo de 1 a 0 e eu consegui fazer um belo gol.

Sendo campeão, a quem você dedica o seu renascimento?
Se a gente conseguir o título, eu vou agradecer muito a Deus, em primeiro lugar, a minha família, a minha mulher e meus filhos, e em terceiro ao Tite. O time e também meus companheiros. Ele [Tite] foi muito importante para conseguir o que eu consegui.

O Corinthians ficou um tempo com salários atrasados, isso atrapalha dentro de campo?
Foi uma situação que o clube passou no começo do ano, mas eles foram muito transparentes com a gente. Falaram que seria um ano difícil. Mas a gente entendeu e se preocupou só em jogar. Claro que quando você trabalha, você quer o salário no final do mês. Mas eles explicaram e a gente confiou.


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