Folha de S. Paulo


Osorio entrega cargo no São Paulo e comandará a seleção mexicana

Juan Carlos Osorio não é mais técnico do São Paulo.

No início da tarde desta terça-feira (6), o treinador entregou à diretoria do clube o pedido de demissão para assumir já nesta semana o comando da seleção do México. A assessoria de imprensa do São Paulo confirmou a informação.

A saída do colombiano foi a terceira do dia no clube do Morumbi: o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro e o diretor de futebol Rubens Moreno já haviam pedido demissão mais cedo.

O colombiano foi contratado pelo clube no final de maio para substituir Muricy Ramalho, que se afastou por motivos de saúde –Milton Cruz assumiu interinamente o comando do clube até a chegada de Osorio.

Nas últimas entrevistas coletivas, Osorio se mostrou bastante irritado com toda a situação e também com a diretoria tricolor, chegando até mesmo a dizer que não confiava mais na cúpula são-paulina, por conta do desmanche promovido desde a sua chegada.

O início do clima ruim ficou exposto no final de agosto, após a derrota para o Flamengo, quando o técnico falou que tinha "sentimentos confusos". Disse também que recebeu uma mensagem da diretoria que o deixou muito surpreso.

"Depois do jogo anterior, recebi uma mensagem de um diretor, um membro da diretoria, e fiquei muito surpreendido. É muito difícil falar já. Agora estou tranquilo, escalei o time que podia. Vou pensar e pensarei o que é o melhor, e decidirei", disse, na época.

Um dos agravantes da crise foi a venda de diversos jogadores do elenco são-paulino. Ao todo oito atletas deixaram o clube desde sua chegada, no fim de maio: Toloi, Paulo Miranda, Denílson, Cafu, Boschilia, Dória, Souza e Ewandro.

Souza, aliás, foi um dos pivôs do desentendimento do técnico com a diretoria. Segundo apuração da Folha, o volante, vendido no início de julho para o Fenerbahçe, da Turquia, era o preferido do treinador no elenco. Quando ouviu boatos de que poderia perdê-lo, fez o pedido aos cartolas para que o jogador fosse mantido.

O jogador foi negociado e Osorio se sentiu traído pela atitude da diretoria, que lhe deu esperanças sobre a permanência do jogador.

DIA TENSO

O pedido de demissão de Osorio não foi o único fato da terça-feira atribulada vivida pelo São Paulo.

Mais cedo, o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, demitiu o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, após a briga entre os dois cartolas na segunda (5), no hotel Radisson, no bairro Itaim Bibi, zona sul da capital paulista.

A briga entre Aidar e Ataíde aconteceu durante uma reunião entre dirigentes do clube. A confusão foi apartada pela equipe de segurança do hotel.

Rubens Moreno, diretor de Futebol, também deixou o São Paulo.

"Que fique claro, fui eu que pedi demissão. Ninguém me demitiu. Avisei o presidente e ele aceitou o meu pedido", disse Moreno à Folha.

HISTÓRICO

Há pouco mais de quatro meses no São Paulo, Juan Carlos Osorio comandou o time em 28 jogos, com 12 vitórias, sete empates e nove derrotas.

O aproveitamento foi pior do que os antecessores dele. Osorio conseguiu 51% dos pontos, enquanto Milton Cruz teve 72% e Muricy Ramalho, 60%.

Durante a passagem do colombiano, o São Paulo também não venceu clássicos estaduais. Foram dois empates (Corinthians e Palmeiras) e duas derrotas (Palmeiras e Santos).

A favor de Osorio estão os resultados rápidos. O time é semifinalista da Copa do Brasil e ocupa a quinta colocação no Campeonato Brasileiro, com os mesmos 46 pontos do Santos, último integrante do G4.

Além disso, ele conseguiu fazer Pato alcançar os melhores números dele desde a passagem pelo Milan e deu mais chances aos jogadores da base. A dupla titular na zaga é Rodrigo Caio e Lucão, por exemplo. Ainda promoveu o lateral esquerdo Matheus Reis, 20, o zagueiro Lyanco, 18, e os meias Murilo, 17, e Jefferson, 18. Estes dois últimos não jogaram.


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