Folha de S. Paulo


'Não há chance de Ronaldinho parar', diz irmão e empresário do jogador

Três dias depois da rescisão de Ronaldinho Gaúcho, 35, com o Fluminense, em uma passagem de apenas nove jogos e sem nenhum gol, o empresário e irmão do jogador, Roberto Assis, afirma que ele não vai encerrar a carreira e propostas continuam aparecendo.

Incomodado pelas críticas que o camisa 10 recebe especialmente pelo comportamento extracampo, Roberto Assis defende: "Ronaldinho faz o que todo jogador faz".

Mesmo com a frustração da passagem nas Laranjeiras, o representante afirma que o jogador está animado em continuar jogando futebol.

Vanderlei Almeida/AFP
ORG XMIT: VAN10 Brazilian football player Ronaldinho Gaucho (C) speaks, as his brother Roberto Assis (L) and Italian football club AC Milan VP and CEO, Adriano Galliani listen, during a press conference in Rio de Janeiro, Brazil on January 6, 2011. Ronaldinho announced that he has ended his contract with AC Milan and will now proceed to negotiate a pass to a local club. AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA
Roberto de Assis, irmão de Ronaldinho, durante coletiva de imprensa em 2011

Folha - Quanto tempo mais o Ronaldinho jogará futebol?

Roberto Assis - Ele vai jogar enquanto estiver feliz. O dia que ele não quiser mais, para. A gente não teve nenhuma conversa sobre fim de carreira. Em nenhum momento.

A ida para o México, no time do Querétaro, atrapalhou?

Acho que a passagem dele no México foi muito boa. Ele conseguiu ajudar a levar o clube para uma final do campeonato mexicano, o que nunca tinha acontecido. Ele nunca foi tão amado quanto ele foi no México. Não existe nenhum arrependimento.

Tem algo que você se arrepende na carreira dele?

Essa análise eu só vou fazer quando a carreira dele terminar. Não dá para pensar nisso agora. O Ronaldo tem quase 20 anos de carreira. Isso prova que a carreira dele é mais que vitoriosa.

Como avalia a passagem pelo Fluminense?

Foi uma experiência maravilhosa. O clube cumpriu com tudo, o atleta também. Infelizmente as coisas não saíram da forma que o Ronaldo pretendia. Foi uma decisão tomada de cabeça fria. Não deu a liga que se queria. Não está rolando, é melhor parar. Nada de negativo ficou.

Foi uma decisão dele ou sua?

A gente tem relação muito próxima, de família. Estar feliz e se sentir bem são as coisas mais importantes dessa vida. Quando o atleta não consegue retribuir o que recebeu, enfim... ele não estava se sentindo bem com aquilo. Tem duas coisas importantes aí: ele chegou no meio da competição, estava dois meses parado e o clube tinha dificuldade gigantesca de elenco. Dois dias depois ele fez a estreia. Ele se doou, se entregou, mesmo sem estar preparado. O objetivo do Ronaldo era para a próxima temporada, mas infelizmente a cobrança no Brasil é imediata. O cara quer resultado de um dia para o outro. O Ronaldo não quis passar por isso.

De onde veio a cobrança?

Isso vem mais do torcedor, do cara que é apaixonado pelo clube. Os resultados ruins do clube não tiveram relação com a chegada do Ronaldo. Isso já era sabido que aconteceria. Ele não foi contratado porque estava tudo bem. Se estivesse tudo bem, não precisava contratar ele. Todo mundo sabia da carência. Eles estavam com dificuldade para ter um grupo para colocar em campo. A ânsia de resultado imediato atrapalhou o objetivo.

Uma pré temporada teria mudado esse resultado?

Com certeza. Você só pode comparar as pessoas em condições iguais. Outros atletas que chegaram no meio [do ano] também estão sentindo essa mesma dificuldade.

Ricardo Moraes/Reuters
Brazilian soccer club Fluminense's newly signed player Ronaldinho Gaucho greets fans during his first training session with the club in Rio de Janeiro, Brazil in this July 27, 2015 file photo. Ronaldinho has left Fluminense after spending just over two months and playing only nine games for the Rio de Janeiro club. The 35-year-old had struggled to get match fit, failed to score a goal and produced only flashes of the talent that made him one of the world's top players when he was in his early twenties. REUTERS/Ricardo Moraes/Files ORG XMIT: RJO801
Ronaldinho Gaúcho durante treino do Fluminense, em julho

O mercado brasileiro ainda é uma opção?

Falar disso agora não é o melhor. Vamos avaliar com calma os projetos de cada clube. Os clubes que precisam decidir o que querem fazer.

Prefere outros mercados?

Há muitos aspectos. Eu procuro avaliar quando tem algo em mãos.

Não teme que uma passagem curta arranhe a imagem dele?

Não. Se pensasse assim, não teríamos tomado a decisão. O Ronaldo é abençoado por Deus, privilegiado, nunca teve uma lesão grave. Quando ele está focado, as coisas acontecem.

Do ponto de vista emocional, como está o Ronaldinho?

Muito bem. Está feliz. Ele fez tudo de forma consciente.

Faltam foco e comprometimento ao Ronaldo de hoje?

Falta para todos, então, né? Ele não entra sozinho dentro de campo. Não falta em nenhum momento dedicação, nem empenho. Infelizmente as coisas não aconteceram.

Ele está cuidando do corpo como deveria?

Não sei o que tu está querendo insinuar.

É uma pergunta.

É uma besteira isso. Os caras ficam ouvindo história que eles não sabem se é verdade. O jogador concentra, treina com o time. Onde está a falta de cuidado? Ele faz a mesma coisa que todos os atletas. É porque é o Ronaldo? Ele não pode?

Eduardo Valente/Frame/Folhapress
Ronaldinho em lance da partida em que o Fluminense foi derrotado pelo Avaí, por 1 a 0, no estádio Ressacada, pelo Brasileiro
Ronaldinho em lance da derrota do Fluminense para o Avaí, pelo Campeonato Brasileiro

Você acha que pegam no pé?

Eu acho que a cobrança em cima dele é por conta do talento que ele tem, por ser tão vitorioso. Quando dá errado, ele acaba sofrendo um pouco mais. Ele conquistou tudo com o trabalho dele.

Qual é o seu conselho pra ele sobre o momento de parar?

Ele tem que estar feliz dentro de campo, se sentir bem consigo mesmo. Ele tem uma vantagem em relação a muitos, por ter sofrido poucas lesões. Enquanto tiver essa chama, ótimo. Quando não tiver mais, terá consciência.

Então, nenhuma chance de o Ronaldo parar agora, certo?

Está doida? (Risos) Nenhuma chance. Vocês vão ter muita surpresa ainda.

O Corinthians (time dos EUA com o mesmo nome do brasileiro) é uma possibilidade?

É, sim. Ele tem amigos lá.

Há outras propostas?

Tem muita coisa chegando.


Endereço da página:

Links no texto: