Folha de S. Paulo


Caixa exige data de conclusão do Itaquerão para ampliar carência

Enquanto negocia uma suspensão do pagamento das parcelas da Arena Corinthians, o clube e o fundo imobiliário responsável pela gestão do estádio receberam uma série de exigências da Caixa Econômica Federal. O banco foi o intermediário no empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a obra.

A Folha teve acesso ao documento com as cobranças da Caixa para ampliar a carência no pagamento. O banco exige que seja determinado um prazo para o término da obra. Mais de um ano após a inauguração, a arena ainda tem pontos não concluídos. Em relatório enviado ao Corinthians, o arquiteto do escritório responsável pelo projeto do Itaquerão e contratado pelo Corinthians, Anibal Coutinho, relacionou dezenas de itens incompletos, como áreas de camarotes.

Pelo contrato assinado em novembro de 2013, o pagamento do empréstimo de R$ 400 milhões começou no último mês de julho - com o máximo de 180 meses para zerar todos os débitos, com juros e correções. Até agora, todas as mensalidades, no valor de R$ 5 milhões, foram pagas em dia.

Com o argumento de que pelas regras do BNDES para o financiamento dos estádios da Copa há pelo menos 36 meses de carência, a contar do dia em que o documento foi assinado - dia 19 de novembro de 2013, neste caso -, as diretorias do fundo e do clube tentam aumentar o prazo. Com isso, deixariam de pagar em outubro e voltariam a repassar o valor mensal em fevereiro de 2016.

O Corinthians teve carência de 20 meses. Segundo os cálculos do clube há mais 16 meses de direito. A princípio, porém, não existe a intenção de pedir a carência para todo esse período.

Para tentar conseguir suspender o pagamento o clube precisou mandar um novo plano de comercialização da arena. A Caixa exigiu que houvesse um detalhamento maior sobre as receitas e despesas do estádio, em comparação com o primeiro projeto enviado para a aprovação do empréstimo.

O banco pede ainda um esclarecimento de como foi obtido o Certificado de Conclusão da obra, emitido pela Prefeitura em julho, e questiona se o fundo está pagando a Odebrecht, empreiteira que levantou a obra e bancou as despesas até agora.

O banco ainda pergunta sobre a gestão operacional do estádio, exigindo esclarecimentos sobre os borderôs das partidas, pedindo uma lista de todas as despesas de dias de jogos, para saber o impacto existente.

O fundo que administra o estádio ainda prepara todas as respostas e espera dar o retorno ainda nesta semana.

Procurada pela Folha, a Caixa disse que não comentaria sobre a negociação para aumentar a carência. O Corinthians confirma que o fundo que administra o estádio está negociando o pedido para suspender o pagamento das parcelas até fevereiro, mas informa que não divulgará detalhes sobre o acordo.


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