Folha de S. Paulo


Queremos vender 3 mi de ingressos, diz dirigente da Paraolimpíada

Ricardo Borges/Folhapress
O carioca Andrew Parsons, presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, posa em hotel no Rio de Janeiro
O carioca Andrew Parsons, presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, em hotel no Rio de Janeiro

Nesta segunda (7), quando falta um ano para a abertura da Paraolimpíada do Rio, o Brasil espera dar início ao primeiro recorde do evento: a venda de mais de 3 milhões de ingressos, superando os 2,8 milhões de Londres-2012.

A largada da corrida pelos tíquetes é só mais uma das preocupações do carioca Andrew Parsons, 38, segundo ele mesmo, "o agente triplo menos secreto que existe".

Nesta entrevista à Folha, o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), vice do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) e diretor de integração paraolímpica na Rio-2016 fala sobre as expectativas para os Jogos que acontecerão de 7 a 18 de setembro de 2016.

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FALTA UM ANO
"Tanto na organização quanto na preparação de uma delegação forte há uma ansiedade natural, até gostosa. Preocupação, não. Sou o agente triplo menos secreto que existe. Como vice-presidente do IPC tenho que fiscalizar também. Se em algum momento pode parecer conflito de interesse, para mim é o contrário. Não tenho três chapéus, tenho um só: os Jogos de 2016. Estou brincando, mas a equipe é muito competente no CPB. E o comitê organizador também tem essa obrigação dupla do Olímpico e do Paraolímpico, então não estou sozinho."

EQUIPE BRASILEIRA
"O papel da delegação anfitriã é fundamental no sucesso dos Jogos. A expectativa desse sucesso, quem vai levar espectadores aos estádios, lotar as arenas, é a equipe brasileira. O público dos Jogos Paraolímpicos é mais doméstico do que o dos Olímpicos. O brasileiro quer ver o brasileiro ganhar medalha. Então temos que nos preparar para que isso seja verdade. Precisamos dar essa confiança para a população. O torcedor vai comprar ingresso porque o brasileiro vai ganhar medalha? Não. Mas ele vai comprar porque tem confiança que os atletas vão representar bem o Brasil. E o Brasil tem chance de bons resultados em todas ou na grande maioria das modalidades"

PÚBLICO RECORDE
"Londres tem uma realidade diferente da nossa, por estar na Europa. Esperamos um número grande de espectadores internacionais. Mas o que vai fazer a gente cumprir essa meta audaciosa, de vender 3 milhões de ingressos, é o público doméstico. Público que vai curtir a Olimpíada e quer continuar nessa onda esportiva no país. Ou os que não conseguiram ingressos para os Jogos Olímpicos."

META DE MEDALHAS
"O quinto lugar já é uma meta bastante agressiva, ambiciosa, se olharmos Londres-2012. Estamos falando em ultrapassar Estados Unidos e Austrália, que não são só potências paraolímpicas mas potências esportivas. O Brasil está dando os passos nesse caminho agora. Já seria um grande resultado o quinto lugar, pelo total de ouros. Vai ser bastante difícil, mas a gente tem que estabelecer metas. O [tricampeonato no] Parapan não ilude, mas não é desprezível. Os resultados individuais dão subsídios para a preparação. A gente sabe que não serão 257 medalhas ganhas no Rio, mas o Parapan mostra nossa evolução. Não temos meta de medalhas para não colocar pressão individual em atleta, principalmente os multimedalhistas."

CENTRO DE TREINAMENTO EM SÃO PAULO
"Centro de treinamento nós estamos construindo agora. China, Ucrânia, Rússia, Grã-Bretanha, Austrália e Estados Unidos já têm. Em Tóquio-2020 ou em 2024, quando teremos o centro em São Paulo há algum tempo, a situação já vai ser diferente. A gente compensa isso atualmente com talento, e temos uma geração muito forte e uma gestão muito eficiente."

PÓS-2016
"Nossa estratégia sempre foi ter tudo o que precisamos de legado, não só físico, antes dos Jogos do Rio. Porque sabíamos que entusiasmo e energia podem não estar mais tão presentes depois. Nos mexendo bastante, nós conseguimos dois aspectos fundamentais. Primeiro o centro de treinamento, que está 97% pronto e já entra em 2016 com atletas treinando lá. Mas sabemos que o impacto não vai ser tão grande no Rio quanto vai ser para Tóquio. E, segundo, uma modificação recente na Lei Agnelo/Piva, que entra em vigor em janeiro de 2016, já deve aumentar em cerca de R$ 90 milhões a arrecadação do CPB a partir do próximo ano. Com isso, temos condição de gerir o Centro de Treinamento em São Paulo de uma forma profissional e de altíssimo nível, comparado ao mundo todo. Com mais recursos via Lei, de forma contínua, e o centro, eu brinco que adoraria ser meu sucessor. Saio em 2017, e seria muito bom herdar essa nova estrutura. Acho que começamos a ter condições de sonhar com resultados até mais significativos para o futuro, com voos um pouco mais altos já a partir de Tóquio."

FORÇAS ARMADAS
"Ainda é muito embrionário, algo que a gente começou com uma aproximação nos Jogos Mundiais Militares, em 2011. Mas não deve ser uma força tão grande em termos de quantidade como em países como Rússia, Ucrânia e Estados Unidos. Nossa guerra hoje é se debruçar mais atentamente ao trânsito. O Brasil tem números absurdos de pessoas adquirindo sequelas permanentes por causa do trânsito. Nosso foco já tem sido nos centros de reabilitação e como ter pontes mais eficientes."

CAPTAÇÃO DE ATLETAS
"São duas situações. Uma são as crianças que nasceram com alguma deficiência e outra são os acidentes já em adultos. Nenhuma aproximação é feita para atrair atletas, mas sempre para mostrar para aquela pessoa que o esporte é uma opção para seguir na vida. Só depois vamos mostrar que existe o caminho do alto rendimento. Ninguém chega para um lesionado na cama do hospital e convida para ser atleta paraolímpico. A questão é apresentar o esporte, e um dos caminhos é a criação de ídolos. Você precisa ter heróis para criar novos atletas. E também aumentar a base de crianças com deficiência praticando esporte. Capacitar professores de Educação Física sobre como receber as crianças com deficiência nas aulas. Porque normalmente elas são dispensadas. Essa convivência conjunta faz bem para todos. E aí também os ídolos são importantes. Uma criança cega que quer jogar futebol precisa ter ídolos possíveis. Ela pode ter o Neymar como ídolo, mas ela nunca vai jogar no Barcelona como ele. Mas ela pode ser como o Ricardinho, jogar na seleção brasileira de futebol de 5 e ser campeã paraolímpica."

COMPARAÇÃO COM A OLIMPÍADA
"As comparações em termos de número de medalhas acabam acontecendo. Mas são movimentos diferentes. A gente não compete com o COB [Comitê Olímpico do Brasil], mas com o Comitê Paraolímpico da Rússia, da Alemanha... Aproveitar as instalações, a promoção, os grandes atletas competirem na mesma arena, é muito benéfico. A Olimpíada é o maior evento esportivo do mundo, ter a Paraolimpíada associada a ele é sensacional. Apesar das diferenças, são complementares. Tem gente que diz que deveria ser antes, ser junto ou completamente dissociada, mas eu acho que o modelo atual é o melhor. Porque você dá as mesmas condições para os melhores atletas do mundo, com ou sem deficiência. Então você dá um grande exemplo de oportunidade. Inclusão não é só estar junto, mas dar a mesma oportunidade."

Veja o vídeo da Rio-2016

INGRESSOS

PRIMEIRA FASE DE VENDAS
Desta segunda-feira (7) a 30 de setembro (os Jogos acontecem de 7 a 18 de setembro de 2016)

3,3 milhões de ingressos disponíveis
2 milhões de ingressos custando até R$ 30
315 sessões
23 esportes, incluindo dois estreias: canoagem e triatlo
Estimativa de 80% de ingressos destinado para a venda no Brasil e 20% para o público externo e outros grupos
Ingressos para sessões esportivas de R$ 10 até R$ 130
Ingressos para a cerimônia de abertura de R$ 100 até R$ 1.200
Ingressos para a cerimônia de encerramento de R$ 100 até R$ 1.000

COMO PARTICIPAR
- Ser residente no Brasil, maior de 18 anos, com CPF
- Para quem for cadastrado no programa de venda de ingressos para a Olimpíada não é necessário um novo
- A partir desta segunda (7), antigos e novos usuários poderão solicitar seus ingressos, pelo portal www.rio2016.com/ingressos
- É possível pedir ingressos para até 20 sessões diferentes. O limite de ingressos por sessão é de 12 ingressos para sessões de menor demanda, e 8 ingressos para sessões de maior demanda

FORMAS DE PAGAMENTO
- Cartão de crédito Visa
- Em até 5x no cartão de crédito Bradesco Visa
- Em até 3x no cartão de crédito Visa
- Solução virtual, adquirido no momento da seleção dos ingressos
- Não será possível cancelar apenas algumas sessões após o resultado. É "tudo ou nada"
- Meia-entrada: Pessoas acima de 60 anos e pessoas com qualquer deficiência (PCD) terão direito ao desconto em todas as categorias. Estudantes e professores da rede municipal terão direito à meia-entrada na categoria de preços mais barata em todas as sessões

PRÓXIMAS FASES
Outubro: resultado do sorteio
Dezembro: venda online com os ingressos remanescentes
Maio de 2016: Entrega de ingressos
Junho de 2016: venda direta na bilheteria

DESTAQUES BRASILEIROS

- Terezinha Guilhermina (atletismo), atual recordista mundial dos 100m, 200m e 400m
Ingressos a partir de R$ 20
Final 100 m (9.set.2016), dos 200 m (13.set.2016) e dos 400m
(16.set.2016)

- Antônio Tenório (judô), tetracampeão paraolímpico
Ingressos a partir de R$ 30
10.set.2016

- Futebol de 5
Ingressos a partir de R$ 30
Disputa pelo ouro (17.set.2016)

- Esportes a partir de R$ 10
Maratona, bocha, goalball, tênis de mesa, tiro com arco, vela, tênis em cadeira de rodas, esgrima em cadeira de rodas, ciclismo de estrada e halterofilismo

LOCAIS DE COMPETIÇÃO

Barra da Tijuca
14 esportes (basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo de estrada, ciclismo de pista, futebol de 5, futebol de 7, Goalball, halterofilismo, judô, natação, rugby em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, vôlei sentado)

Copacabana
5 esportes (Maratona, canoagem, remo, triatlo e vela)

Maracanã
2 esportes e duas cerimônias (atletismo e tiro com arco)

Deodoro
3 esportes (tiro esportivo, hipismo e esgrima em cadeira de rodas)

fonte: Comitê Organizador Rio-2016


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