Folha de S. Paulo


Suíça espera decidir sobre extradição de Marin e dirigentes em setembro

Autoridades suíças pretendem decidir em setembro se irão extraditar o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e outros cinco dirigentes da Fifa para que sejam julgados por corrupção nos Estados Unidos, informou o porta-voz do Ministério da Justiça do país.

Os acusados estão sob custódia desde o dia 27 de maio e seus advogados tentam evitar a extradição. Eles terão 30 dias para apelar das decisões junto ao Tribunal Federal Criminal em Bellinzona, um processo que poderia levar meses.

"Recebemos todas as respostas. Agora podemos examinar se foram cumpridas as condições para se conceder extradição e tomar nossa decisão", declarou o porta-voz, Folco Galli. "As primeiras decisões devem sair em setembro", afirmou.

A extradição é permitida se um suposto delito for punível com pelo menos um ano de prisão nos termos das leis suíça e norte-americana. As autoridades suíças precisam decidir se essa regra de "criminalidade dupla" foi cumprida, e não sobre a culpa ou inocência dos réus.

Marin, que responde por crimes de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração envolvendo recebimento de propina em acordos para a transmissão de competições como a Copa América e a Copa do Brasil, negocia um acordo para responder as acusações em solo americano.

Folha apurou que a defesa do cartola brasileiro dá como certa uma derrota na primeira instância da Justiça suíça tentativa de evitar a ida do dirigente para os EUA. No início do caso, no final de maio, os advogados de Marin pretendiam recorrer até a última instância, levando o caso até a Corte Suprema do país, para evitar sua saída da Suíça. Com isso, mesmo se fosse derrotado, o dirigente atrasaria o processo de extradição por cerca de seis meses.

A estratégia, porém, foi revista. Agora, Marin já admite ceder e responder ao processo nos Estados Unidos. O dirigente apresentou no dia 11 deste mês sua defesa em Zurique. Ele contestou o pedido de extradição e também o mérito das acusações que sofre. Sua argumentação é que não há provas conclusivas ele e que o crime pelo qual é acusado não existe no Brasil.

Os advogados do brasileiro refutam a hipótese de ele negociar um acordo para colaborar nas investigações dos EUA contra dirigentes da Fifa. A estratégia foi adotada pelo empresário J.Hawilla, que pagará uma multa de aproximadamente R$ 475 milhões após confessar extorsão, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.


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