Folha de S. Paulo


Contra punição, árbitros relatam em súmula que protesto não atrasou jogos

Quase todos os árbitros da rodada da Série A desta quarta-feira (12) relataram nas súmulas o protesto que fizeram antes dos jogos, fazendo questão de afirmar que não houve atraso para o início dos confrontos.

Todos usaram um texto padrão, e ressaltaram que não houve atraso para tentar evitar possíveis punições por parte do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

A exceção foi Luiz Flávio de Oliveira, que não citou o fato no documento da partida Corinthians 4 x 3 Sport, apesar de o quarteto ter levantado a placa eletrônica com o número 0.5 antes do apito inicial.

Foi usado o seguinte texto: "informo que antes da partida o quarto árbitro levantou a placa de substituição com o numeral "05" no meio do campo de jogo, com anuência e presença de toda equipe de arbitragem. Informo ainda que foi feito um minuto de silêncio de forma simbólica objetivando a melhoria das leis para arbitragem. Esclareço que o jogo iniciou no horário previsto".

Na súmula dos jogos Flamengo 3 x 2 Atlético-PR, e Santos 1 x 0 Vasco, os árbitros Marcelo Aparecido de Souza (SP) e Emerson Luiz Sobral (PE), respectivamente, colocaram informação adicional de que os capitães das equipes foram informados e apoiaram a medida. Souza acrescentou que após o jogo o técnico do Atlético-PR, Milton Mendes, o parabenizou e desejou sucesso na empreitada.

Os árbitros de futebol protestaram contra o veto da presidente Dilma Rousseff a artigo do Profut, programa de refinanciamento das dívidas dos clubes brasileiros, que daria o direito à categoria de receber parte do dinheiro que é pago pelo direito de arena (fatia do valor dos direitos de transmissão).

O direito de arena é pago ao atleta por ter sua imagem veiculada em transmissões de jogos. Por lei, os clubes são obrigados a repassar aos sindicatos dos jogadores 5% do que recebem de direito de TV, para que depois o valor seja enviado aos profissionais.

A Anaf conseguiu incluir no texto da medida provisória o recebimento de 0,5% desse montante, o que, na conta da associação, renderia anualmente aos árbitros até R$ 8 milhões.

A CBF se posicionou contra a manifestação mas, inicialmente, não prevê punição aos árbitros.

Paulo Schmitt, procurador do STJD, disse que se houve atraso propositalmente para protestos, impactando na partidas, é possível punição.

"Não que a ideia seja inibir ou ameaçar, mas as normas disciplinares são aplicadas a todos", disse Schmitt.


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