Folha de S. Paulo


Rebaixado em 2011, River se inspirou no Corinthians para levar Libertadores

Antes de sagrar-se tricampeão da Copa Libertadores, antes mesmo de ser rebaixado à segunda divisão, o River Plate convidou o então vice-presidente de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, para um encontro. Com o clube em crise, os cartolas argentinos queriam aprender como a equipe paulista havia se recuperado do rebaixamento em 2007.

O encontro entre Rosenberg e Daniel Passarella, ex-jogador e então presidente do River Plate, ocorreu em janeiro de 2010, um ano e cinco meses antes de a equipe argentina cair para a segunda divisão.

Na época, o caminho já parecia ser irreversível. Isso porque o descenso na Argentina leva em conta o desempenho nas últimas três temporadas.

O River Plate não estava bem, as finanças do clube estavam bagunçadas, havia muitas dívidas e resultados em campo não ajudavam.

Rosenberg detalhou o projeto de recuperação do Corinthians após o Brasileiro-2007, com a criação de campanhas de marketing como "Eu nunca vou te abandonar", a contratação do atacante Ronaldo, então sem clube, até as conquistas dos títulos do Campeonato Paulista-2009 e da Copa do Brasil-2009, esta que reconduziu o clube à Copa Libertadores.

Em processo parecido, o River Plate começou a se reerguer.

Primeiro com Passarella, que ficou no cargo até dezembro de 2013 e recolocou o time na elite do país. Depois com Rodolfo D'Onofrio, no cargo desde o fim de 2013 e que vem empilhando taças no comando dos Millionarios.

TRAJETÓRIA

Em dezembro de 2011, a diretoria contratou o atacante francês David Trezeguet. Pouco mais de seis meses depois, o clube foi campeão da segunda divisão argentina tendo perdido apenas cinco jogos.

A ascensão não parou por aí. O River Plate terminou o Torneio Inicial (primeiro turno) na oitava colocação no final de 2012, evitando o fantasma do rebaixamento. No Torneio Final de 2013 (segundo turno), fez uma campanha boa e foi vice-campeão, três pontos atrás do Newell's Old Boys.

O título nacional foi conquistado no Torneio Final de 2014, com cinco pontos de vantagem sobre o arquirrival Boca Juniors: 37 a 32. Assim, garantiu o retorno à Copa Libertadores, torneio que não disputava desde 2009.

Foram seis anos sem vencer o torneio mais importante da Argentina, e do qual o River Plate é o maior campeão –são 35 títulos até hoje.

Ainda em 2014 o River teve outros motivos para comemorar.

Foi vice-campeão do Campeonato Argentino, que naquele ano passou a começar e terminar no mesmo ano e a ter apenas um vencedor por edição, vice-campeão da Supercopa da Argentina e campeão (inédito) da Copa Sul-Americana ao bater o Atlético Nacional, da Colômbia, na final.

Já em 2015, ou seja, quatro anos após a queda, o time comemorou os títulos da Recopa Sul-Americana, ao derrotar o San Lorenzo, da Argentina, na final, e da Copa Libertadores, superando o Tigres, do México.

Ainda tem mais quatro taças em disputa até o final desta temporada: o Campeonato Argentino, a Copa Suruga Bank, a Copa Sul-Americana e o Mundial de Clubes, este em dezembro, no Japão.

O triunfo do River Plate na Libertadores deste ano, aliás, ocorreu mais rápido do que a conquista corintiana, que, rebaixado em 2007, foi faturar a taça sul-americana cinco anos depois, em 2012 –no mesmo ano foi campeão mundial.


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