Folha de S. Paulo


Platini anuncia candidatura à presidência da Fifa

O presidente da Uefa, o ex-jogador francês Michel Platini, anunciou nesta quarta-feira (29) a sua candidatura à presidência da Fifa. A eleição está marcada para 26 de fevereiro.

O dirigente enviou uma carta às 209 federações filiadas à Fifa e com direito a voto para manifestar o desejo de suceder o suíço Joseph Blatter, que decidiu deixar o cargo em meio ao escândalo de corrupção que levou à prisão de sete cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

"Essa foi uma decisão muito pessoal, tomada cuidadosamente, em que pesei o futuro do futebol ao lado do meu próprio futuro", disse o francês. "Também me guiei pela estima, o apoio e o incentivo que muitos de vocês têm me mostrado", ressaltou.

Na carta, Platini disse que trabalhará focado nos "interesses do futebol".

"Há momentos em que você tem que levar o destino pelas suas próprias mãos e estou em um desses momentos", afirmou.

O cartola destacou ainda o fato de que a Fifa teve dois presidentes apenas desde 1974 –no caso, o brasileiro João Havelange e o suíço Joseph Blatter. Ele disse que a entidade precisa resgatar sua "dignidade".

A candidatura do ex-jogador francês é a aposta dos cartolas europeus para recuperar o poder perdido em 1974, quando Havelange tirou o inglês Stanley Rous, que estava no cargo desde 1961.

Platini busca o apoio de pelo menos quatro das seis confederações continentais: Uefa, obviamente, além de Concacaf (América Central e Caribe), Conmebol (América do Sul) e Ásia. Faltaria o apoio de África e Oceania.

O escândalo enfraqueceu o poder político de Conmebol e da Concacaf, aliadas de Blatter.

Foco das investigações conduzidas pelas autoridades dos Estados Unidos, as duas confederações têm negociado com Platini como forma de tentar resgatar o seu prestígio no cenário mundial.

A CBF, desgastada dentro da Conmebol, ainda não manifestou sua posição.

A data da eleição (26 de fevereiro) foi anunciada na semana passada pelo Comitê Executivo da Fifa, convocado de maneira extraordinária após a decisão de Blatter, anunciada no dia de 2 junho, apenas quatro dias depois de ser reeleito para um quinto mandato. O prazo para registro de candidaturas é 26 de outubro.

Até a eleição, Blatter continua no posto. Ele já avisou que não há chance de concorrer novamente.

Desafeto de Platini, o suíço deve buscar um nome viável para concorrer com o francês e fazer seu sucessor na entidade que comanda desde 1998.

O ex-jogador brasileiro Zico já demonstrou intenção de disputar, mas, por enquanto, tem pouco respaldo político –nem mesmo a CBF deve dar algum tipo de apoio.

O nome de Platini havia surgido durante o processo de candidatura da eleição vencida por Blatter em maio deste ano, mas ele declinou por não querer disputar com o dirigente suíço.

O príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, derrotado por Blatter em maio, cogita ser candidato, mas perdeu fôlego e, sobretudo, seu principal apoio, a Uefa.

Uma vitória de Platini pode representar o fortalecimento da realização das Copas de 2018 na Rússia e de 2022 no Qatar. O cartola tem demonstrado contrariedade em cogitar a mudança das sedes que receberão o evento, apesar das investigações em torno de suspeitas de compra de voto para sua escolha, sobretudo em relação ao Qatar.


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