Folha de S. Paulo


Troca de técnico no Campeonato Brasileiro favorece 9 de 11 clubes

Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
O técnico Marcelo Oliveira durante uma partida do Palmeiras
O técnico Marcelo Oliveira durante uma partida do Palmeiras

Normalmente associada à falta de planejamento do futebol brasileiro, as trocas de técnicos têm resultado em campanhas melhores para os times da Série A neste ano. Das 11 equipes que optaram pela substituição no comando, nove viram seu aproveitamento crescer com o sucessor.

As mudanças em Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro tiveram os retornos mais expressivos. Os gaúchos demitiram Felipão após dois jogos e apenas um ponto conquistado (17% de aproveitamento). Seu substituto, o ex-lateral esquerdo Roger Machado, ganhou 23 pontos em 12 partidas (64%).

No Palmeiras, Oswaldo de Oliveira saiu da equipe após a sexta rodada, com 33% dos pontos ganhos. Marcelo Oliveira assumiu duas rodadas depois e tem aproveitamento de 79%. Para efeito de comparação, o líder Atlético-MG está com 71%. O treinador do time alviverde já até fala em ser campeão.

"O Palmeiras é um candidato natural ao título. Fizemos um bom trabalho de recuperação que nos coloca no caminho do título", disse o técnico depois da vitória sobre o Santos, no penúltimo domingo (19).

Infográfico Aproveitamento dos técnicos

Até a quarta rodada, Marcelo Oliveira treinava o Cruzeiro, onde somou apenas um ponto (8%). Vanderlei Luxemburgo assumiu e elevou o aproveitamento para 48%. Antes de treinar o clube mineiro, ele foi demitido do Flamengo, que contratou Cristóvão Borges e também subiu na classificação.

Embora significativos, os números podem contar apenas parte da história. Enquanto o Palmeiras, em terceiro, e o Grêmio, em sexto, estão brigando por vaga na Libertadores e podem disputar o título, o Cruzeiro ocupa a 13º posição, a quatro pontos da zona de rebaixamento.

O Santos, que devolveu Marcelo Fernandes ao cargo de auxiliar técnico para contratar Dorival Júnior, o Vasco, que substituiu Doriva por Celso Roth, e o Coritiba, que trocou Marquinhos Santos por Ney Franco, também viram o aproveitamento subir, mas estão em situação complicada na tabela.

O caso do Joinville é curioso. O desempenho até melhorou a partir da sexta rodada, com Adilson Batista no lugar de Hemerson Maria, mas não foi o suficiente para tirar os catarinenses da lanterna. Como resultado, Batista também foi mandado embora no último fim de semana, após a 15ª rodada.

Os únicos exemplos em que, de acordo com os números, a troca não foi bem sucedida, são os de São Paulo e Goiás. Com 57% de aproveitamento, o colombiano Juan Carlos Osorio está abaixo do seu antecessor Milton Cruz (67%), que voltou à condição de auxiliar.

Já no Goiás, Julinho Camargo perdeu as três partidas em que esteve à frente do clube, fazendo com que o aproveitamento de 37% registrado por Hélio dos Anjos até a oitava rodada não parecesse tão ruim.

Julia Chequer - 26.jul.2015/Folhapress
O técnico Vanderlei Luxemburgo durante uma partida do Cruzeiro
O técnico Vanderlei Luxemburgo durante uma partida do Cruzeiro

MANUTENÇÃO

Apesar dos números positivos dos insatisfeitos, quem aposta no trabalho de longo prazo também está com retrospecto favorável. Entre os times do G-4, dois treinadores estão no comando há mais de um ano: Levir Culpi, no Atlético-MG, e Eduardo Baptista, no Sport.

"Aqui o salário é em dia e esse é um outro fator que pesa a nosso favor. O jogador não vai deixar de jogar porque o salário está atrasado, mas ele fica preocupado. Com o salário em dia, ele fica concentrado no treino e no jogo", disse Baptista em entrevista à Folha em matéria que foi publicada na semana passada.

Tite, que retornou ao Corinthians no fim de 2014, já teve outras duas passagens pelo clube, a segunda de 2010 a 2013. Apenas o Palmeiras, de Marcelo Oliveira, que permaneceu por quase dois anos e meio no Cruzeiro e foi bicampeão brasileiro, foge à regra.

Durante o ano passado, os clubes da Série A fizeram 23 trocas ao longo da competição. Na virada de 2014 para 2015, porém, a tendência se inverteu e 14 equipes da primeira divisão optaram pela manutenção do treinador.

Robson Ventura/Folhapress
Eduardo Baptista, técnico do Sport
Eduardo Baptista, técnico do Sport

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