Folha de S. Paulo


Acusado de assédio, goleiro do polo chega neste domingo ao Brasil

O goleiro da seleção brasileira de polo aquático Thye Bezerra, 27, acusado de abuso sexual pela polícia de Toronto, chega neste domingo (26) ao Brasil.

O jogador deixou a equipe brasileira que disputará o Mundial de Kazan, na Rússia, e não voltará ao Canadá, como pediu a polícia da cidade sede dos Jogos Pan-Americanos.

"Ele chega hoje ao Brasil. Se fosse meu filho eu não traria para cá. Não faz sentido trazê-lo ao Canadá", disse o gerente executivo de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire, neste domingo (26), em Toronto.

Segundo o dirigente, nem a polícia canadense nem o comitê organizador dos Jogos passaram qualquer informação ao COB sobre o caso. Advogados do Brasil e um escritório em Toronto já foram acionados.

"Não tivemos acesso ou fomos notificados oficialmente de nada, nem pela polícia nem pelo comitê. A polícia canadense anunciou [o caso] e fez um pré-julgamento", reclamou Freire.

Ainda de acordo com o dirigente, o caso faz com que o COB já comece a pensar novas formas de evitar este tipo de problema nos Jogos Olímpicos do Rio.

"Toda vez que surge um caso diferente como este a gente estuda o que fazer, o que está certo ou errado", disse.

Carioca, Bezerra é suspeito de ter atacado uma moradora da cidade de 22 anos na manhã do dia 16 de julho –um dia após a equipe ter encerrado sua participação com a medalha de prata no Pan. A informação foi divulgada pela inspetora Joanna Beaven-Desjardins.

Beaven-Desjardins afirmou que a polícia tem certeza de que Bezerra teria segurado a vítima e cometido o assédio.

A versão da inspetora dá conta de que o goleiro e um outro integrante da delegação foram à casa da mulher, na região central de Toronto —a policial não confirmou se voluntariamente—, e lá permaneceram.

Bezerra, então, teria tentado abusar dela sexualmente em um dos quartos do domicílio, enquanto ela dormia. A vítima, que não é atleta nem voluntária do Pan, procurou a polícia logo em seguida. Por ora, o acompanhante não é tratado como suspeito.

Ele é procurado pela polícia local. No Canadá, segundo informou a polícia do país, a pena máxima em casos similares a esse é de 15 anos de detenção.

OUTRO LADO

A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) emitiu uma nota neste sábado na qual reforça que o atleta se declara inocente. No texto, a entidade diz que está cuidando do caso e que solicitou o processo às autoridades canadenses para avaliar o caso.

Na sexta-feira (24), o diretor de polo aquático da CBDA, Marcos Maynard, afirmou que o goleiro Thye nega a acusação de abuso sexual. Segundo o diretor, a versão do atleta é a de que a relação com a jovem foi consensual.

"Ele diz que a conheceu em um bar, foi até o apartamento da garota e os dois fizeram sexo. Ele diz que ela consentiu", afirmou Maynard.

Outro representante da CBDA, o supervisor técnico Ricardo Cabral, que está na Rússia acompanhando a delegação brasileira que disputará o Mundial, disse que conversou com Thye e que o atleta ficou surpreso quando soube da acusação.

"Ele ficou bem abalado, garante que não fez nada, e nós acreditamos nele", disse.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) emitiu nota dizendo que "condena qualquer comportamento que envolva violência ou abuso" e que "exige de seus atletas um comportamento impecável".

O comitê se colocou à disposição das autoridades canadenses para colaborar na apuração do caso, mesmo depois do encerramento dos Jogos Pan-Americanos.


Endereço da página:

Links no texto: