Folha de S. Paulo


Brasil bate o Canadá no basquete, leva ouro e dá a Magnano primeiro título

Após o jogo, Rubén Magnano entrou no vestiário para o festejo e recebeu um balde de água fria.

Não se tratou de anticlímax algum, mas de fato. Os jogadores da seleção brasileira masculina de basquete despejaram um galão de água e gelo sobre o treinador.

Nada mais justo, pois o argentino foi o personagem da campanha que resultou na medalha de ouro no Pan de Toronto, neste sábado (25), com uma vitória brasileira por 86 a 71 sobre os donos da casa, no ginásio da Universidade de Ryerson.

"Queríamos muito ganhar este título para ele, porque ele merece demais", afirmou o armador Larry Taylor.

Magnano, 60, está há mais de cinco anos no comando da equipe nacional masculina. No meio tempo, conduziu o time de volta aos Jogos Olímpicos após hiato de 16 anos.

O país ficou em quinto lugar em Londres-2012 e em sexto no Mundial da Espanha, em 2014. Faltava a taça.

Neste sábado, ela saiu. Foi o primeiro título internacional do técnico com o Brasil.

"Todos o abraçaram no vestiário. Ele estava de costas e se surpreendeu, quase caiu", complementou Taylor.

O técnico recebeu até mesmo medalha de campeão do Pan, destinada apenas para os jogadores. Ele ganhou dos comandados a láurea que caberia a Raulzinho, dispensado depois de acertar com o Utah Jazz, da NBA.

O grupo brasileiro convocado para o Pan de Toronto não teve nenhum jogador que atua na NBA, como Leandrinho, Nenê, Tiago Splitter ou Anderson Varejão, entre outros.

Sem força máxima, a alternativa foi convocar atletas da liga nacional e outros que atuam na Europa. A seleção masculina precisava se redimir do fracasso no Pan passado, em Guadalajara-2011, quando caiu ainda na primeira fase da competição.

Para Magnano, a solução foi treinar. Os convocados se "internaram" durante quase 50 dias para treinos e convívio em São Paulo.

"A preparação dura unia a gente. Ficamos irmãos", diz Rafael Hettsheimeir.

No fim, a equipe venceu todos os cinco jogos que realizou em Toronto. Foi o quinto ouro do basquete masculino na história do Pan.

No centro disso tudo estava o argentino. "Ele mudou a cara da seleção", concluiu o ala-pivô.

Emocionado, o argentino afirmou que o ouro é "especial" para sua carreira. Campeão olímpico em Atenas-2004 pela Argentina, ele contou que "sabia que faria parte do basquete do Brasil".

Apesar de contente, criticou a estrutura atual e disse que muita coisa tem que mudar no basquete nacional.

"Precisamos aumentar a quantidade de técnicos e clubes. A estrutura precisa aparecer mais para fazer relação com os resultados", afirmou o treinador argentino.

É a sexta vez que o Brasil obtém a primeira posição no torneio masculino de basquete na história dos Jogos Pan-Americanos. As outras foram em Cali-1971, Indianápolis-1987, Winnipeg-1999, Santo Domingo-2003 e Rio-2007.

Responsável pela reconstrução da seleção masculina, Rubén Magnano obteve seu primeiro título desde que assumiu o comando da equipe, no início de 2009.

Apesar de demorar meia década para erguer um troféu, Magnano conduziu o país de volta aos Jogos Olímpicos (de Londres-2012) após 16 anos de ausência.

Um dos segredos do grupo orientado pelo argentino foi o período prolongado de treinamentos feito em São Paulo antes do embarque para a América do Norte.

A PARTIDA

O primeiro quarto começou com ligeiro domínio canadense, mas os brasileiros logo equilibraram o confronto.

Com três bolas de três pontos de Rafael Hettsheimeir, que também contribuiu na defesa com rebotes importantes, o time começou a abrir diferença e terminou com inesperada vantagem de 13 pontos (26 a 13).

Com uma defesa forte, o Brasil continuou a sufocar os canadenses no segundo quarto. A vantagem chegou a 19 pontos, e foi mantida até o intervalo (48 a 29).

Na volta do vestiário, a pressão na defesa prosseguiu e a liderança alcançou 23 pontos. Até que teve início uma reação dos anfitriões.

Liderados por Anthony Bennett, astro local que joga na NBA, os canadenses cortaram a diferença para 13 pontos ao final do terceiro período (67 a 54).

No início do quarto decisivo, ela despencou para apenas seis. Quando duelo registrava o Brasil com 74 a 63 na frente, o armador Vitor Benite foi eliminado com cinco faltas.

Foi aí que apareceu Olivinha. Com bolas de três e infiltrações, ele manteve o time verde e amarelo na ponta até a definição do ouro.

INDEFINIDO

O basquete brasileiro aguarda a definição da federação internacional sobre se terá ou não vagas diretas na Rio-2016, a que teria direito por ser sede.

Por conta de uma dívida contraída pela confederação brasileira para adquirir um convite no Mundial da Espanha, no ano passado, a vaga estava em xeque.

A decisão sairá no dia 8 de agosto. Bradesco e Nike, patrocinadores da confederação, vão quitar o débito.

CONFIRA AS MEDALHAS DO BRASIL NO PAN-2015

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress


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